quinta-feira, maio 08, 2008

Minha "carreira" de letrista

Às vezes as pessoas me perguntam por que eu, que gosto tanto de música, não me dediquei a aprender um instrumento. Boa pergunta. Eu cheguei a ter aulas de violão aos nove anos, mas depois não continuei. Uma pena, pois acho que tenho ouvido para música. Talvez, quando me aposentar, resolva pegar algum instrumento mais para brincar, mesmo. Como uma terapia. Várias vezes já pensei em comprar um teclado. Para "catar milho", feito criança. Meu filho também aproveitaria como brinquedo.

Mas houve uma época em que sonhei em ser letrista. Eu fazia poesias na adolescência e depois mudei um pouco de estilo. Comecei a compor versos que tinham mais jeito de música, mesmo. No verão de 1981, meu vizinho de casa de praia, Wylmar Neto, se ofereceu para musicar algumas letras minhas. Eu já tinha tido algumas experiências de parceria com Beto de Barcellos, irmão de meu (hoje ex) cunhado. Mas o Wylmar foi meu parceiro mais prolífico. Acho que fizemos umas dez músicas. Eu poderia apurar o número certo, mas me recuso a fazer isso. Desde que um célebre compositor disse que "a gente vê que alguém é amador quando sabe a quantidade exata de músicas que compôs", fiz questão de perder a conta, só de birra.

Infelizmente a parceria com o Wylmar não continuou. Ele é um excelente músico, mas suas preferências de estilo não eram exatamente as minhas. Hoje ele é baixista do Conjunto de Norberto Baldauf, com muita honra. Um dia desses nos reencontramos no Brique da Redenção, onde a mãe dele vende antigüidades, e ficamos lembrando os velhos tempos de parceria. Até rimos um pouco. Lembro que achávamos que ali, naquele momento, estava nascendo uma dupla de sucesso. Assim que voltássemos para Porto Alegre, iríamos arrasar nos festivais. Chegamos a nos inscrever em um, com uma gravação muito mal feita, com microfone com ruído. Nem nos classificamos, é óbvio. Em vez de arrasar, fomos arrasados. Mas depois o Wylmar integrou rapidamente o grupo Suíte 69 e, segundo me contou, chegou a ganhar um festival numa outra parceria. Vai ver, o problema era o letrista.

A Internet me colocou em contato com músicos profissionais, alguns até bem famosos, e um dia criei coragem de mostrar algumas letras minhas. Pela reação, percebi que acharam apenas razoáveis. Mesmo assim, o paulista Sonekka fez a caridade de musicar duas. Explicando melhor: ele é um compositor compulsivo, daqueles que, se estiver sozinho num hotel sem letra inédita, musica a lista telefônica só para se acalmar. Ele chegou a me mandar as gravações em MP3. Em uma delas, achei que faltou um refrão. A outra ficou boa. Ficaria perfeita na voz da Adriana Calcanhoto. Quem sabe um dia crio coragem e mando pra ela.

Pois agora quem está me incentivando a voltar à ativa é o Rogério Ratner. Há alguns tempos ele me pediu uma letra. Minha "produção" atualmente se resume a uma por ano, mais ou menos. Peguei a que fiz em 2003 e mandei pra ele. Nesta semana, finalmente, escutei como ficou. Gostei! Não vou estragar surpresas, mas o Rogério fez uma melodia exatamente como eu imaginava que a letra merecia. E ainda criou um refrão "ganchudo" com o título da música. Essa ele prometeu que estará no próximo CD dele. Uau! Eu, compositor, com música em CD! Mais detalhes, não posso dar. Mas garanto que fiquei bem entusiasmado.