segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Blu-ray

É cedo para dizer se o Blu-ray vai pegar ou não. O formato de vídeo que tem imagem mais nítida do que a de um DVD é ainda novo e caro. Se for só pela qualidade, acho difícil. O consumidor comum não é tão exigente. Lembro que, nos tempos em que as locadoras nos empurravam fitas "alternativas" de péssima qualidade, eu era um dos poucos que reclamavam. Não há de ser apenas a imagem que irá conquistar o grande público. Com a ajuda da TV digital, fazendo subir o padrão de aceitação, e dos computadores, que poderão usar Blu-ray como mídia de armazenamento, aí, sim, pode dar certo.

Mas, por um tópico que surgiu no Orkut, vejo que alguns usuários estão iludidos, achando que qualquer relançamento em Blu-ray terá imagem melhor do que o seu antecessor em DVD. Não necessariamente. Podem observar como os primeiros relançamentos no novo formato são os produzidos originalmente em filme, isto é, película. Embora alguns deslumbrados precipitadamente afirmem - há bastante tempo, aliás - que "o vídeo já igualou a qualidade do cinema", isso não é verdade. Talvez uma imagem de no máximo 40 polegadas possa "enganar bem" em nossas residências. Mas se aumentássemos o tubo de imagem para o tamanho de uma tela de cinema, as imperfeições apareceriam.

A película projetada continua imbatível. Ela tem alta definição por natureza. E é por isso que ela é a maior beneficiada pelo Blu-ray.

Um fã dos Bee Gees disse ter visto trechos de um show do Queen de 1981 em Blu-ray e achou a qualidade "surpreendente". Citou também o filme do Led Zeppelin, "The Song Remains The Same", como outro lançamento musical no novo formato. E, em razão disso, afirmou estar ansioso pelo momento em que "One Night Only", dos Bee Gees, chegue ao Blu-ray. Correndo o risco de parecer estraga-prazeres (como acontece com todos que procuram elucidar questões no Orkut), expliquei que dificilmente o show dos Bee Gees teria melhora de qualidade, pois foi gravado originalmente em vídeo de definição normal. Não é como um filme, em que a fonte já tem melhor qualidade do que a transposição para DVD. O que o Blu-ray faz é reproduzir a imagem capturada com mais fidelidade, mas é impossível melhorar a fonte. Os dois shows citados (Queen e Led Zeppelin) foram registrados em película. Logo, têm tudo a ganhar em Blu-ray.

Então, para os fãs de música, o Blu-ray chega para resgatar as velhas produções em filme, como "Woodstock", "Yessongs", "Ziggy Stardust, The Motion Picture" (com David Bowie), "The Last Waltz" (com The Band), "Let There Be Rock" (com AC/DC), "Rattle and Hum" (U2) e até, quem sabe, clips antigos e shows esperadíssimos, como Beatles no Shea Stadium, por exemplo. Nem sei o que já foi lançado ou o que vem por aí, estou apenas especulando. E sonhando.

Por fim, é possível hoje realizar uma gravação de vídeo em alta definição e ter melhor qualidade em Blu-ray. Foi o que fez Elton John em seu show de 60 anos. Talvez o documentário "Buena Vista Social Club", capturado em vídeo digital, fique ainda melhor em Blu-ray, embora já estivesse perfeito em DVD. Mas lembrem-se: a rigor, o Blu-ray não consegue melhorar uma imagem. Ele pode, isto sim, não piorá-la. Mas a qualidade do original é que determina o resultado.