quinta-feira, novembro 09, 2006

Máquina digital

Só pra começar mais um texto com um ditado, "nunca diga dessa água não beberei". Eu tinha uma certa resistência a comprar máquina fotográfica digital. Estava esperando os modelos mais sofisticados baixarem de preço. Mas acabei sucumbindo à tentação e investindo numa máquina pequena, mesmo.

Minha primeira impressão? Por enquanto, uma pequena decepção. Eu imaginava que talvez as máquinas grandes só tivessem tamanho e as pequenas fossem quase tão boas quanto. Sobre as câmeras de 3 a 7 mil reais, ainda não posso opinar. Mas sobre as de menos de mil, observei duas deficiências graves para quem tem pretensões de fotógrafo profissional (no meu caso, só pretensões).

Primeira delas: ausência de instantaneidade. Momento é tudo numa fotografia. Me dá nos nervos ver pais pedindo, mandando, implorando a seus filhos para que fiquem quietos e parados para aparecerem numa foto. Em geral a criançada fica em posição de sentido fazendo uma cara séria para a câmera. Tira toda a espontaneidade. Bom mesmo é captar a petizada em pleno movimento, sorrindo, brincando, de preferência sem saber que está sendo fotografada. Aí é que vem o problema da máquina digital: há uma significativa defasagem entre o momento que o disparador é pressionado e a foto propriamente dita. Lembro que, aos 13 anos, com uma "Kodak Instamatic Pocket" (também conhecida como "Xereta"), fotografei uma baleia branca saltando uma corda em Sea World, nos Estados Unidos. Fiquei a postos e aguardei o momento exato do salto. Depois, todos perguntavam se "tinha sido eu mesmo" que batera a foto.

Para um trabalho da Faculdade de Jornalismo, fotografei a chegada da campeã feminina de um triatlon. Esse é mais um exemplo de foto em que o "click" na hora certa foi crucial. Com uma máquina digital pequena, se você for fotografar uma prova de 100 metros rasos, tem que dar o "click" no tiro de largada para conseguir fotografar a chegada. E aí vem outro problema: nenhum controle sobre a velocidade do obturador. Como fotografar algo em movimento sem borrar a imagem? Talvez as máquinas mais caras tenham solucionado tudo isso, mas por enquanto ainda não posso confirmar.

É uma pena que minha Minolta convencional esteja com fotômetro danificado. Do contrário, de bom grado eu a usaria. Sim, uma máquina digital permite centenas de fotos para se verem na hora. Se alguma não ficou boa, é só apagar e tirar de novo. E não precisa mandar revelar. Mas cadê os recursos de profundidade de campo, superexposição para fotos noturnas, foco manual, substituição de objetivas, controle de abertura e velocidade? E como fazer quando a oportunidade surge inesperadamente? "É agora..." E você fotografa apenas um rastro. Como brinquedo, é excelente. Mas para quem curte realmente fotografia, com todas as suas possibilidades, as máquinas pequenas deixam a desejar. Quando eu puder comprar uma top de linha, prometo voltar aqui para dar uma segunda opinião.

Ah, vocês querem fotos? Aguardem.