A magia do cinema
Durante anos eu tentei entender como aquela imagem aparecia na tela. Minha mãe me explicou, mas o conceito de projeção através de transparência era complexo demais para mim. Às vezes eu olhava para o facho, via uns grãos de poeira e imaginava que era um "pozinho" que era jogado na tela para formar a imagem. Mais tarde eu teria meus próprios projetores Super-8 e entenderia bem o funcionamento.
No entanto, uma idéia errada que eu conservei por algum tempo é a de que os filmes eram produzidos artificialmente, sem necessidade de atores encenando. Ou seja, se alguém quisesse, poderia colocar a mim ou qualquer outra pessoa num filme sem que eu soubesse. Depois, de surpresa, a pessoa se veria na tela, representando cenas que nunca encenou na vida real. Não me preocupava em saber como essa "mágica" era feita, mas achava que era assim que acontecia.
Pois ontem, assistindo aos extras do DVD "Superman, o Retorno", lembrei de minha fantasia de infância. Um dos trechos mais interessantes é o que mostra como foram usadas imagens de Marlon Brando para reviver o papel de Jor-El, pai de Super-Homem. O processo por computador é bem complexo e meticuloso, mas ao final, Brando aparece dizendo coisas que nunca falou em vida. Sua imagem foi manipulada de uma forma mais ou menos parecida com a que eu imaginava que era usada para fazer filmes, quando criança. A rigor, não foi o primeiro caso: Richard Nixon e John Lennon ganharam novas falas em "Forrest Gump".
Talvez um dia os filmes possam ser feitos como eu pensava que fossem na infância, com imagens realistas, mas criadas artificialmente, sem envolvimento direto dos atores. Mais cedo ou mais tarde, com a devida autorização dos herdeiros, alguém há de juntar num mesmo filme vários atores já falecidos para uma superprodução.
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