As torres gêmeas
Tomei conhecimento da existência das torres gêmeas do World Trade Center quando assisti ao remake de "King Kong", em 1977. Eu já tinha ouvido falar que havia um edifício maior que o Empire State em Nova York, mas não sabia qual era. O filme me impressionou sob vários aspectos, tanto que eu o vi quatro vezes no saudoso Cine Cacique, na Rua da Praia. Claro que a presença da Jessica Lange foi marcante para mim. Mas os efeitos especiais, hoje superados e cheios de erros que não resistem a uma análise em vídeo, também me chamaram a atenção. Em especial o momento em que Kong escala uma das torres gêmeas, depois salta de uma para outra, é abatido após uma batalha contra helicópteros armados de metralhadora e por fim cai do topo, aparecendo desfalecido em frente às torres na cena final. Pensei comigo mesmo que desejaria visitar o World Trade Center um dia.
Realizei meu sonho em 1985, numa excursão. Na primeira visita havia muita neblina e a visibilidade no observatório era zero. Mesmo assim, bati uma foto ao lado da placa que dizia "Visibility is Zero". E chegamos a subir no elevador só para ver como era. No dia seguinte, eu um colega de excursão voltamos ao prédio por nossa conta, de táxi, e aí conseguimos apreciar uma bela visão noturna de Nova York.
Voltei a visitar Nova York em 1990, acompanhado de minha (hoje ex) esposa. Não chegamos a subir ao topo do World Trade Center, mas almoçamos na praça de alimentação. Depois, eu fiz a experiência de tentar tirar uma foto de uma das torres estando bem ao lado, para ver até que ponto a lente conseguiria captar a imensidão do prédio. O resultado vocês vêem abaixo. Na outra foto, estamos indo de barco para a ilha onde fica a Estátua da Liberdade. Eu sou aquele barbudo de óculos à esquerda. Tinha 29 aninhos. As torres gêmeas aparecem ao fundo.
Faz três anos que as torres foram literalmente varridas da paisagem nova-iorquina. É uma pena que alguns antiamericanistas ainda se regozijem com aquela barbárie. As vítimas, em princípio, foram civis inocentes. Havia brasileiros no prédio. O ato terrorista deixou os americanos com sede de vingança. Mas vingar-se de quem? Os verdadeiros agressores morreram no atentado. George W. Bush parecia enfrentar um inimigo chamado Alguém. "Alguém nos agrediu! Alguém nos humilhou! Alguém destruiu um símbolo da América! Isso não fica assim! Alguém vai ter que pagar por isso! Vamos atacar Alguém!" E foi mais ou menos o que acabaram fazendo.
O infortúnio de muitos resultou numa oportunidade de ouro para os irmãos franceses Jules e Gedeon Naudet. Eles estavam realizando um documentário sobre a formação de um bombeiro novato em Nova York. Por pura sorte, acabaram registrando a única imagem do primeiro avião atingindo uma das torres. Também por obra do destino, um deles foi o único cinegrafista a entrar em uma das torres durante o incidente, registrando as últimas imagens do prédio, e estava na torre certa quando a primeira caiu, o que lhe permitiu escapar com vida. "11/9" é talvez o melhor e mais impressionante documentário já realizado, pois capta a história pelo lado de dentro.
1 Comments:
Impressionante, meu caro Emílio!
De fato, um atentado covarde e preocupante (será que existe atentado heróico? Depende de quem o analisa, não é? Alguns muçulmanos hão de pensar por essa ótica). A partir de 9/11/2001, tomamos consciência de que nunca estamos seguros.
O vale, ao fim, é a nossa capacidade de análise, como você tão bem a exercita nesse texto.
Abraço meu.
Luiz
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