quinta-feira, setembro 27, 2018

Luhli (1945 - 2018)

Tomei conhecimento da existência de Luhli em 1975, aos 14 anos, quando comprei o LP da novela "Bravo" com músicas brasileiras (sob protestos de meus amigos que estavam comigo na Yes Discos da Rua da Praia, que queriam que eu levasse a coletânea de disco music "Hotíssimo"). Minha faixa preferida do disco era "O Amor Contra o Tempo", de Denise Emmer. Mas descobri outras maravilhas no repertório, entre elas "Inteira", de Luli e Lucinha. Anos mais tarde uma passou o "h" para a outra e passaram a ser Luhli e Lucina. "Bravo" nunca foi relançado em CD, mas "Inteira" esteve disponível para encomenda no tempo em que a Som Livre oferecia serviço de "CD Personalizado", então aproveitei e a incluí numa seleção:
Só muito tempo depois fui me dar conta de que Luhli era co-autora de "O Vira" e "Fala", duas das mais memoráveis canções dos Secos e Molhados. Foi ela quem apresentou Ney Matogrosso a João Ricardo, o que resultou numa mágica combinação de talentos. A dupla Luhli e Lucina compôs vários sucessos para outros intérpretes, mas nunca entendi por que elas próprias não tiveram um êxito maior. As duas vozes eram perfeitas, no mínimo tão boas quanto (e, em alguns casos, melhores do que) a dos cantores para quem cediam suas composições.

No começo dos anos 2000, ingressei em um grupo de discussão sobre música do Yahoo e acabei tendo contato com as duas. Luhli, em especial, escrevia bastante e dividia conosco suas histórias do tempo em que compôs com João Ricardo e trabalhou com as Frenéticas. Em 2004, no meu aniversário de 44 anos, ela me deixou esta singela mensagem:

Emilio,

Que tudo role nos trilhos

com todos os brilhos,
músicas e filhos,
um parabéns na broa de milho
sabor anis.... 
Seja feliz! 

LUHLI 



Heloísa Orosco Borges da Fonseca, como era seu nome, faleceu ontem, aos 73 anos. Acima estão os CDs dela que tenho em minha coleção. Sempre achei que ela deveria escrever um livro. Quem sabe agora alguém pode preparar uma biografia dela.