quinta-feira, julho 30, 2009

Kleiton e Kledir em Porto Alegre

Estou chegando do Shopping Praia de Belas, onde assisti à entrevista do jornalista Roger Lerina com Kleiton e Kledir. A conversa iniciou pelo fato de "Autorretrato" ser o primeiro disco de inéditas da dupla desde 1986. Kleiton afirmou que eles tinham cerca de 70 músicas acumuladas e escolheram 13. Lerina perguntou quando saem as próximas e eles não souberam dizer, mas previram que até o final do ano o número de composições pode aumentar para 90, definindo-se como "compositores compulsivos".
Kledir comentou que a reforma ortográfica acabou alterando a grafia do título, que estava planejado para ser "Auto-Retrato". No início, ele estranhou a falta do hífen, mas diz que acabou adorando: "Parece aquelas palavras alemãs enormes". Explicaram o método de compor em parceria, geralmente começando pela melodia de Kleiton, depois Kledir coloca a letra. Mas no caso de "Pelotas" foi o contrário: Kledir a compôs em forma de poema, depois Kleiton musicou. Quando alguém na plateia quis saber como foi feita "Só Liguei", Kleiton contou que criou a melodia e depois Kledir apareceu na casa dele com a letra. Kleiton a cantou pela primeira vez e no final chorou. Realmente, "Só Liguei" é linda, uma rara canção de saudade sem ser de fossa. Pelo contrário: tem um tom de otimismo, como se o cantor acreditasse que tudo iria terminar bem (e no clip termina mesmo).

Lerina comentou que a primeira faixa do CD, "A Dança do Sol e da Lua", tinha um "quê" de Almôndegas. Kledir concordou, mas afirmou que o disco todo lembrava o velho grupo, com seus instrumentos básicos, sem sintetizadores ou bateria. Sobre a faixa citada, Kledir mencionou a influência do norte da Espanha, de onde vem a família Ramil, com uma forte presença da música celta. Hoje Kleiton e Kledir têm cada um o seu "home studio" e assim podem ir gravando aos poucos suas composições que depois o outro completa. "A Dança do Sol e da Lua" começou com o violino de Kleiton. Depois Kledir colocou uma letra bem básica.
Outra pessoa quis saber mais detalhes sobre o clip de "Ao Sabor do Vento", que foi gravado em vídeo em velocidade acelerada. Só achei que faltou esclarecer que estavam falando do clip e não da música em si. O uruguaio Wagner da Rosa, que foi assistente de direção, estava na plateia e foi chamado para explicar. O tempo todo ele falou que Kleiton e Kledir tiveram que "cantar" bem depressa (na verdade "dublar"), o que pode ter confundido quem ainda não assistiu ao DVD. Mas está tudo bem explicado no "Making of". Outra pergunta vinda do público foi sobre a possibilidade de um disco com os três Ramil: Kleiton, Kledir e Vitor. Kleiton disse que está nos planos, mas um antigo projeto que deve se concretizar no ano que vem é a volta dos Almôndegas, com participação de todos os ex-integrantes e o lançamento de um disco. Esse anúncio foi recebido com aplausos.

Também estava assistindo à entrevista o guitarrista Luciano Granja, que ao final foi chamado ao palco. A dupla elogiou bastante o comprometimento do diretor do DVD, Édson Erdmann, que começou com uma ideia modesta e acabou gastando dez vezes mais do que o planejado – "mas pagou a diferença do bolso dele". Por fim, lembraram que parte da renda da venda do CD e do DVD reverte para o Retiro dos Artistas do Rio de Janeiro, onde vivem 72 artistas aposentados vindo de áreas tão diferentes quanto circo, música e televisão.


Depois da entrevista, houve a sessão de autógrafos na Saraiva. Na fila, encontrei outra dupla, Selle (também conhecido como Elizandro Leonan) e Lu Geiger, sendo que ele também faz parte da ótima banda Sunset Riders. Enquanto Kleiton e Kledir autografavam meu CD e DVD (sim, eu comprei os dois), aproveitei para perguntar se todas as músicas do trabalho foram realmente compostas em parceria, já que é a primeira vez em que todas as faixas são assinadas pelos dois. Kleiton disse que sim, mas que o processo composicional deles permitia que houvesse participação maior de um ou de outro. Ao que Kledir emendou: "Mas as melhores músicas do CD são as que têm mais de Kleiton!" A foto acima, em que eu apareço, foi tirada pelo professor Mateus Skolaude, de Santa Cruz. Agora é aguardar o show do dia 26 no Teatro do Bourbon Country, que será a estreia nacional da turnê.
Leia também: "Autorretrato".