terça-feira, agosto 05, 2008

Internet e imprensa

Na semana passada tive uma discussão com um colega de Orkut sobre a questão da credibilidade da Internet. Afirmei que as pessoas em geral estão condicionadas a aceitar como verdade tudo o que aparece em uma tela. E, por esse motivo, acreditam em notícias falsas e textos com autoria incorreta que recebem por e-mail ou encontram em blogs. Não percebem a distância abismal que existe entre a imprensa, que tem compromisso com a verdade, e a Internet, que é um campo aberto onde impera uma verdadeira anarquia comunicativa.

O debate se acirrou quando o outro internauta estendeu o citado condicionamento a textos impressos em geral e mencionou o caso de jornais. Para ele, as pessoas também não deveriam acreditar na imprensa. Discordei frontalmente. Existe uma diferença entre a falta de credibilidade que os veículos de comunicação possam ter em alguns casos e o total mundo de fantasia da Internet. Citemos um caso bem prático. Se sair no jornal que houve um acidente aéreo no dia tal, horário tal, cidade Tal, com um avião da companhia Tal, você vai acreditar? Eu, sim. É uma notícia concreta, palpável, e está sendo divulgada sob a responsabilidade de uma empresa jornalística. Por outro lado, se as mesmas informações chegarem por e-mail, ainda que venham acompanhadas de detalhes, nomes e até fotos, eu não vou acreditar em absolutamente nada.

É esta a distinção que algumas pessoas ainda não conseguem fazer: entre o compromisso da imprensa e a vulnerabilidade da Internet. Por outro lado, colocar os dois numa vala comum de falta de credibilidade seria pecar pelo extremo oposto. Essa linha de pensamento pode levar a acreditar naqueles e-mails que, depois de narrar uma notícia falsa, alertam que "a imprensa está abafando", portanto "avise o maior número de pessoas". Por mais que a imprensa possa errar ou, em alguns casos, distorcer fatos, o compromisso que ela tem com a verdade continua existindo. Já na Internet não existe compromisso com nada. Qualquer um inventa o que quiser. E como é fácil enganar esse povo internético!

Pois casualmente hoje a Zero Hora publica uma retificação, admitindo ter errado ao citar o nome de um suspeito de corrupção. Alguns poderão dizer: "Viu? É tudo a mesma coisa." Mas não é. O erro de um jornal é grave, exige retratação e pode trazer conseqüências na Justiça. Já a "notícia por e-mail" é totalmente sem fundamento, podendo inventar fatos, nomes e até citar veículos onde teria sido publicada sem que isso tenha realmente acontecido. A falsidade pode vir de qualquer lugar, mas é preciso distinguir de onde se espera a verdade e de onde não se deve esperar nada.