quinta-feira, setembro 13, 2007

Viagem no tempo

Hoje voltei ao Museu de Comunicação, mas não para fazer pesquisas para algum trabalho e sim para tentar reencontrar jornais que li em minha adolescência. Especificamente, eu procurava uma matéria de duas páginas que a Zero Hora publicou sobre David Bowie no verão de 1974. Eu era um fã recém convertido, tinha ouvido pela primeira vez o LP "Aladdin Sane" em dezembro de 1973, e a reportagem me marcou muito. Infelizmente, o Museu não tinha o jornal específico. O acervo tem algumas lacunas. Como "prêmio de consolação", consegui a chamada para a matéria do dia seguinte, que ao menos serviu para confirmar a data de publicação:

Essa nota saiu na Zero Hora de sábado, 26 de janeiro de 1974. Se um dia eu fizer uma visita ao arquivo da Zero Hora, já sei que tenho que pedir a do dia 27.

Mas a "viagem no tempo" foi bem interessante, mesmo assim. Senti-me novamente no meu quarto, no balneário de Atlântida, lendo o jornal. Lembro que este comentário de Juarez Fonseca sobre o disco "Ummagumma" do Pink Floyd, da Zero Hora de 14 de janeiro de 1974, me deixou bem atiçado:

Praticamente na mesma época em que descobri David Bowie, talvez um ou dois meses antes, ouvi também o "Dark Side of The Moon", do Pink Floyd. Aliás, o final de 73 foi um momento de transição para mim como ouvinte de música. Foi quando minha cabeça se abriu para o rock e meu gosto musical nunca mais foi o mesmo. Eu estava ansioso para conhecer mais sobre o Pink Floyd e a crítica altamente elogiosa sobre "Ummagumma" me deixou vários dias sonhando com o disco. Infelizmente o Museu não tem a Zero Hora do dia seguinte, em que Juarez comentou o LP de estúdio. O mais irônico é que esse veio a ser o último disco do Pink Floyd que comprei, diretamente em CD, há cerca de dois anos.

Outra memória. Sempre que eu enxergava esta capa do álbum "Forever Changes", do grupo Love, eu lembrava de uma crítica que tinha lido sobre um "fraco disco de estréia". Mas não podia ser esse, que saiu em 1967 e é considerado um clássico. O comentário que eu li tinha sido publicado nos anos 70. Pois matei a charada. Aqui está o texto que ficou na minha lembrança, publicado em 16 de janeiro de 1974:

Pensando bem, a capa não é tão parecida assim. E, pelo que Juarez descreve, ela é azul. Mas foi impressa no jornal em preto e branco. E eu lembrava também que o grupo tinha um nome curto, simples e óbvio, que mais cedo ou mais tarde alguém haveria de usar. Não era Love, era Blue.

Ainda pretendo voltar muitas vezes ao Museu para mais viagens no tempo. O ano de 1974 eu quero repassar por inteiro. Meus 13 anos foram memoráveis.