Quando um gigante tomba
Por isso, quando vejo gigantes tombando, fico confuso. Tento imaginar o que aconteceu e em que momento a crise poderia ter sido revertida com sucesso. Quantos importantes e tradicionais estabelecimentos de comércio aqui de Porto Alegre já fecharam: Imcosul, Livraria Sulina, Casa dos Gravadores, a Discoteca, Masson. Em alguns casos, a morte é anunciada. A gente até se surpreende com a longevidade de certos negócios que já não parecem tão prósperos. Mas o que impressiona é ver monstros sagrados sucumbindo aparentemente de uma hora para outra.
O pesadelo da Varig lembra o que aconteceu com a Caldas Júnior nos anos 80. O livro "Um Século de Poder – os Bastidores da Caldas Júnior", de Walter Galvani, é uma obra de fôlego, muito bem escrita, que conta a ascensão e queda de uma das maiores companhias jornalísticas gaúchas. O ponto em comum com a Varig era a crença de que as autoridades não deixariam morrer uma marca tão tradicional e querida do público. Breno Caldas apelava ao então Governador Amaral de Souza para que analisasse a questão "em todos os seus aspectos", tentando, numa última cartada, fazer valer a força de sua empresa. O problema é que uma máquina é forte até o momento em que a desligam da tomada. E a energia que move os negócios, infelizmente, ainda é o dinheiro.
Claro que não se pode comparar a dimensão da Caldas Júnior, restrita ao Rio Grande do Sul, com a potência mundial que é a Varig. Parece que foi ontem, e acho que foi, mesmo, que todos sempre faziam questão de marcar vôos com a Varig em qualquer viagem a trabalho. Varig era sinônimo de qualidade, segurança e bom atendimento. Tenho dois amigos trabalhando lá, um como comissário de bordo, outro como piloto. Quando eles ingressaram, invejei-os no bom sentido e jamais imaginei que a situação chegaria a esse ponto. Vamos torcer para que, desta vez, o carinho e a tradição ajudem a salvar aquela que nasceu com o nome de "Viação Aérea Riograndense", mas hoje pertence ao Brasil.
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