quinta-feira, julho 28, 2005

Calefação incômoda

Em fevereiro de 2002, estive nos Estados Unidos a convite de minha meia-irmã, que é professora na Universidade da Geórgia, na cidade de Athens. Eu já tinha estado antes naquele país, mas nunca no inverno deles. Apesar da perspectiva de ver neve, que acabou não se concretizando, eu tinha receio de como o meu organismo se comportaria no frio do hemisfério norte. Não só a minha asma, mas também a possibilidade de faringite, gripe e febre. Ficar doente numa viagem de apenas nove dias seria um desastre. Felizmente, deu tudo certo. Levei na mala o meu "kit hipocondríaco" e não precisei usar quase nada.

Mas o que me chamou a atenção foi que, dentro de casa, o sistema de ar condicionado central deixava a temperatura amena, aprazível, gostosa. Você nem lembrava que tinha ar condicionado. Esta é uma briga minha aqui no Rio Grande do Sul: a mania que alguns restaurantes e estabelecimentos têm de, no inverno, ligar a calefação. Aí o ambiente não fica agradável, fica quente, mesmo! Você chega todo forrado de blusões e casacos, saído de uma temperatura entre nove e 15 graus, e sente aquele bafo sufocante. Eu não consigo disfarçar o meu desconforto. Faço cara de desaprovação na hora e começo a tirar os agasalhos um por um até ficar só de camisa. Imaginem uma pizzaria lotada, aquele povo cheio de energia e calor humano mandando ver fatias de pizza quentinhas, alguns tomando vinho, outros servindo-se das massas fumegantes que também são oferecidas, e o gerente ainda acha que precisa ligar o ar quente. É muita falta de visão.

No verão, acho que ar condicionado não é luxo, é necessidade. Porto Alegre tem um calor úmido e insuportável. Houve uma época em que eu viajava para o interior do Rio Grande do Sul para implantar um sistema de cobrança escritural e ia de ônibus. Alguns não tinham ar condicionado e eu achava um atraso descomunal. Hoje até alguns ônibus de linha têm climatização. Mas a temperatura no inverno não cai tanto que justifique o uso de calefação em ambientes fechados e populosos. O aquecimento (sem trocadilho) até cai bem na intimidade, seja em casa ou em motéis. Mas em cinemas, restaurantes e locais de trabalho é desnecessário. A menos que o brasileiro aprenda a regular a temperatura e deixá-la amena, como observei nos Estados Unidos.

1 Comments:

Anonymous Ismael said...

Olá Amigo.
Sou tecnico em sistemas de aquecimento, com circulaçao de agua (calefaçao).
Sou gaucho e realmente na nossa regiao acontece muito oque voce relatou. Quando faço uma instalaçao costumo explicar detalhadamente aos clientes como usar o equipamento.
Oque acontece nestes casos é que os donos de bares, restaurantes, etc... acham que superaquecendo o ambiente podem desligar o sistema e ter economia, mas isto nao funciona, e gera este desconforto aos frequentadores.
Abraço.

7:33 PM  

Postar um comentário

<< Home