O estilo Luís Fernando Verissimo
Mas a verdade é que todos os fãs de Luís Fernando Verissimo um dia sonharam em escrever como ele. Na minha adolescência eu lia "O Rei do Rock", ainda antes de ele estourar de verdade com "O Analista de Bagé", e me sentia desafiado a redigir textos com a mesma criatividade. Hoje acho que criei um estilo próprio com influências de todos os autores que admiro, passando pelo filtro do meu vocabulário mais simples e objetivo. Procuro não imitar ninguém, mas a verdade é que é impossível ter um estilo totalmente original. Tudo é síntese do que colhe aqui, ali e acolá.
Certa vez tive uma idéia de escrever sobre o Fulano. Quem ele foi realmente? Onde viveu? O que fez em sua vida para ficar tão famoso? Seu sobrenome era mesmo de Tal? Então, que fim levaram os Tais? E Beltrano e Cicrano eram seus irmãos? Por que não obtiveram a mesma notoriedade? Tinham complexo de inferioridade por isso? Aí percebi que, embora a idéia fosse boa, seria uma cópia descarada do estilo do Verissimo. Afinal, ele é que gosta de esmiuçar esses lugares comuns, como já fez em "A Coisa" (que "coisa" é essa de que tanto se fala?), "O Outro" (quem é esse "outro" que diz coisas tão sábias?) e "Aquele Lugar" (quando se manda alguém para "aquele lugar", isso é onde mesmo?). Se eu escrevesse sobre o Fulano, estaria roubando uma idéia do subconsciente do Verissimo. Em outras palavras, plagiando a crônica que ele ainda não escreveu.
Existe no Orkut uma comunidade sobre Luís Fernando Verissimo. Já tem mais de seis mil inscritos. No texto de apresentação há uma série de alertas bem interessantes sobre textos que circulam pela Internet como sendo dele, mas na verdade não são. Há pouco tempo um dos integrantes não resistiu e postou uma crônica própria que foi logo excluída pelo moderador. Infelizmente, a comunidade é para discutir a obra do Verissimo e não de seus admiradores. Imagine se todos os seis mil resolvessem mostrar seus escritos. A maioria deve ter uma veia literária.
Pensando bem, acho que a minha primeira idéia para o título estava correta. Todos queremos ser o Luís Fernando Verissimo. Só um pouquinho, mas queremos.
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