É hoje!
Meu irmão João Carlos Pacheco, o Cau (profissionalmente ele era conhecido como Pacheco), foi um dos primeiríssimos locutores da Continental na fase clássica. Fui com ele algumas vezes à rádio. Ficava com ele dentro do estúdio curtindo o trabalho que ele fazia, observando o tom irônico com que lia os textos e sentindo-me um privilegiado por conhecer por dentro um veículo símbolo de minha geração. Além de radialista ele era também profissional de computação desde 1969, nos tempos em que o computador era uma enorme máquina envolta em mistério, chamada por muitos de "cérebro eletrônico". Por isso mesmo, custo a acreditar quando lembro que ele não chegou sequer a conhecer a Internet. Ele morreu de câncer em 1993, em Goiânia, com a idade que eu tenho hoje, 46 anos. Se eu já sou apaixonado pela rede, ele, que no final da vida foi também apresentador de TV em Goiânia - nossa! - iria se achar aqui dentro!
Antes de tomar conhecimento do projeto do Lucio, eu pensava em escrever um livro sobre a Continental. Mas imaginava colocar a idéia em prática mais tarde, quando minha vida estivesse melhor organizada, com mais disponibilidade de tempo. Se tivesse que esperar a aposentadoria, que assim fosse. Mas quando soube que já existia alguém nessa empreitada, imediatamente abandonei o plano. Sempre fui contra chover no molhado. No fim, sem demagogia nenhuma eu digo: que bom que foi o Lucio e não eu quem fez esse livro. Pois ele fez muito melhor do que eu faria. Quando que eu iria me dar conta, por exemplo, de pesquisar os documentos do SNI que mencionam a rádio? Pelos trechos que já li, garanto que o trabalho dele está perfeito. Por outro lado, que bom que me foi dada a chance de contribuir naquilo que eu tinha para dar.
Meu envolvimento com o livro teve sua semente plantada em 2002, quando meu amigo virtual Luiz Juarez Pinheiro, de Curitiba, me enviou algumas gravações que havia feito do programa "Mr. Lee em Concerto", que ia ao ar simultaneamente na Continental de Porto Alegre e Iguaçu de Curitiba em 1976. Avisei a meu ex-colega de faculdade Arthur Gayer sobre esse material, pois sabia que ele ia se interessar. Um dia eu chego em casa e tem um recado na secretária eletrônica. Uma voz grave e metálica que eu já conhecia de vários shows: "Emílio, aqui é o Nélson Coelho de Castro! O Arthur me falou sobre um material que tu tens do Mr. Lee. Eu queria muito escutar isso..." Em dezembro de 2002, acabei participando como convidado de duas edições do programa "Roda Som", apresentado por Nelson, Bebeto Alves e Juarez Fonseca, mostrando as gravações que o Luiz Juarez tinha me enviado. Foi ali que eu soube do Lucio, que já estava começando a preparar seu livro. Pouco depois o Nélson Coelho de Castro passou meu e-mail para ele, ele me enviou uma mensagem e ali começamos a trocar figurinhas.
Se meu irmão fosse vivo, provavelmente não poderia vir para o lançamento do livro, já que continuaria morando em Goiânia. Mas com certeza teria contribuído com suas memórias e estaria como eu, acompanhando entusiasmado a movimentação toda. É hoje! Cau, espero te representar à altura.
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