Os demitidos da Varig
Acho que a questão é mais pertinente do que nunca diante do destino da Varig. Imagino que, quando os empregados da companhia aérea se uniram para salvá-la, pensavam, num misto de idealismo, ingenuidade e esperança, estarem lutando por si mesmos. Batalhavam para manter seus empregos. Pois bem: a Varig foi salva. O nome e o logotipo continuarão existindo. Os serviços estão funcionando precariamente, mas espera-se que sejam restabelecidos. Já 5.500 funcionários que contribuíram para essa vitória foram demitidos.
Neste momento, todos eles devem estar repensando seus conceitos de empresa. De que adiantou salvar a Varig? De que valeram as manifestações, os protestos, a solidariedade dos parentes e amigos, para tudo terminar assim? A pessoa jurídica lá, preservada. Eles aqui, desempregados. Lutaram para salvar um nome e um logotipo, nada mais. Eles, que por tantos anos vestiram a camiseta da companhia, que tinham orgulho em dizer que trabalhavam na Varig, um nome que impunha respeito, agora percebem que eram peças descartáveis. Sentiam-se parte da empresa, muitas vezes devem ter repetido "a Varig somos nós", para agora serem dispensados.
Coloco-me no lugar, também, daqueles que, tendo a chance de buscar um novo emprego enquanto era tempo, preferiram lutar até o fim. Quem pressentiu o inevitável deve ter aproveitado alguma oportunidade de colocação em empresas concorrentes. Não haveria lugar para todos no mercado, mas quem se adiantou obteve as primeiras vagas. Já os fiéis, que resistiram até o minuto final, foram penalizados.
Conclusão: no caso específico da Varig, salvar a companhia pouco benefício trouxe para os empregados. Logo eles, que foram não só os articuladores mas principalmente os motivadores da solidariedade do povo brasileiro, restaram prejudicados. A empresa ficou, mas o corpo funcional foi mutilado. Sobraram 3.985 na folha de pagamento. Menos da metade.
Vale a pena lutar por uma empresa?
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