quarta-feira, dezembro 21, 2005

Infância acumulada

Hoje minha namorada foi procurar um presente de Natal para o sobrinho dela. Entramos em uma loja de brinquedos e eu fiquei fascinado com o que vi. Em minha infância eu gostava de comprar bonecos dos meus heróis preferidos, mas eles não chegavam aos pés dos que existem hoje. Minha irmã começou a colecionar bonecas depois dos 40 anos. Se eu já não tivesse tanto lazer acumulado (CDs, DVDs e livros, muitos ainda não ouvidos/vistos/lidos) e orçamento limitado, começaria a gastar em brinquedos também. Para mim. Mas meu espírito consumista é oito ou oitenta: se for pra comprar só dois ou três, prefiro não comprar nada.

Mesmo assim, me arrependo de não ter adquirido os bonecos dos Beatles que saíram na época do relançamento do filme "Submarino Amarelo". Na verdade não cheguei a comprá-los porque na loja em que os vi, eles não tinham os quatro. Lembro da moça ligando para outra filial e chamado George Harrison de George Michael. Minha dúvida seria se eu tiraria ou não os bonecos da embalagem. Afinal, coleção é coleção. No exterior saiu também um boneco de Alice Cooper. Ouvi falar que iriam fazer um de David Bowie da fase Ziggy Stardust (1972/73), mas nunca mais tive notícia.

Mas os bonecos de super-heróis de hoje são bonitos demais. Já me deu vontade de comprar um Batman e um Homem-Aranha. O Demolidor eu achei que ficou muito diferente. Se fizessem um com a mesma roupa dos gibis, eu ficaria tentado. E os carros? Hoje, no impulso, quase levei uma miniatura do Batmóvel da televisão de 1966. Mas achei que os detalhes não estavam fiéis o bastante. Até não estava tão caro, mas se eu encontrasse na minha frente uma reprodução perfeita em escala, não me importaria com o preço. Às vezes dá vontade de ter também os modelos miniaturizados de carros antigos ou clássicos. Talvez para compensar o meu heróico Gol 89 de tantas batalhas.
Outra perdição são os bonecos de personagens Disney. A série Toy Story é tão perfeita que parece saída da tela do cinema. Mas bonitos mesmo são os caríssimos produtos Disney vendidos no exterior. Os chamados “colecionáveis” não são brinquedos, mas itens luxuosos para aficcionados. A réplica do trenzinho Casey Jr. que aparece acima custa a bagatela de 299 dólares e não inclui a base. Esses produtos em geral se encontram à venda nos parques temáticos Disney e também no site de vendas Disney Store.

Mas como não estou mais na infância, é melhor cair na real. Até porque tudo isso acaba custando uma fortuna. Mas alguns posters para colocar em meu apartamento eu vou me permitir procurar. Não de personagens infantis, é claro. Ora, sabe lá? Já me apaixonei uma vez por um poster de um dos primeiros desenhos animados do Mickey, mas acabei me contentando com cartões postais da mesma época. As fases da minha vida não se sucedem, elas acumulam.