segunda-feira, dezembro 05, 2005

Fora de catálogo

Um comportamento de colecionador que talvez seja difícil de entender para quem não é do meio (epa!) é a pressa em comprar os lançamentos em CD e DVD. Por que não esperar? Os preços podem até baixar, não podem? Podem. E muitas vezes baixam bastante. Mas a frustração maior de qualquer colecionador é esperar demais para comprar algum item... e ele sair de catálogo! E isso acontece mais depressa do que se pensa.

Acho que faz menos de dois meses que vi na Saraiva várias unidades da caixa de DVDs com os cinco filmes da série “Rocky, um Lutador”. O preço estava ótimo, mas resolvi esperar. O momento não estava para extravagâncias. Resultado: a caixa sumiu das lojas. Na Internet, apenas um site de vendas ainda anuncia o produto, mas não pelo preço da Saraiva. Mesmo os DVDs avulsos já não se encontram todos e sairiam bem mais caros, além de não trazerem a bonita caixa para acondicioná-los.

De vez em quando, na comunidade do Kiss no Orkut, aparecem fãs desesperados, querendo saber onde encomendar o Acústico MTV do grupo. Não tem como. O DVD foi lançado nos primórdios do formato, quando o aparelho era ainda novidade, e saiu rapidamente de catálogo. Se aparecer alguém vendendo no Mercado Livre, deve ser cópia. E colecionador que se preze não se contenta com xerox. Um dia, com uma pontinha de culpa pelo gasto além da conta, comprei uma caixa de quatro DVDs importados dos Beatles, incluindo “Help”, “The Making of a Hard Day’s Night”, “First U.S. Visit” e “Magical Mystery Tour”. Sem que eu soubesse, estava adquirindo uma relíquia, pois saiu de catálogo rapidinho. Quem comprou, comprou. Outro golpe de sorte foi quando encontrei o “Submarino Amarelo” já em fase de final de estoque. Saiu de catálogo, também.

Um tipo de lançamento que costuma desaparecer bem depressa é reedição de música brasileira em CD. A primeira caixa do Gilberto Gil, com suas preciosidades, é tarefa de gincana encontrar. A série “Colecionador”, que relançou Tim Maia, Jorge Ben, Gal Costa, Fafá de Belém e outros, ficou menos de um ano nas lojas. Alguns nem chegam a ser distribuídos decentemente. Eu tive que encomendar pela Internet o CD “Mudança de Tempo”, do Terço, pois loja nenhuma tinha. E assim também não é fácil achar os CDs do Bixo da Seda, Moto Perpétuo, o primeiro dos Almôndegas, Barca do Sol e Gérson Conrad.

Certa vez, por sugestão de um amigo, comprei o CD importado de um grupo dos anos 60 chamado Left Banke. Adorei. Hoje o disquinho é raridade vendida por preços que oscilam entre 50 e 80 dólares. Quando o selo Savalla relançou o LP “Gaúchos em Hi-Fi”, do Grupo Farroupilha, a representante do selo em Porto Alegre nem sabia que todas as músicas do CD já tinham saído na coletânea “Presença de Conjunto Farroupilha”, de 1989. Muitos dos CDs que comprei entre 89 e o começo dos anos 90 estão hoje fora de catálogo. E aposto como muitos “ouvintes casuais” nem sabem da existência de vários CDs que foram lançados sem muito alarde, depois sumiram.

Por isso a pressa. Não dá pra esperar muito. Só quem é colecionador conhece a angústia de lembrar: “Ah, aquele CD estava ali, na minha frente, cheguei a pegá-lo na mão. Era só ter comprado. E agora ninguém tem mais.” Às vezes dá sorte de a gente ter uma segunda chance. Um item raro reaparece num sebo a preço não extorsivo e a gente compra na hora. Mas se a “mordida” é muito grande, a gente dispensa e continua se lamentando.

Pois bem: decidi esperar 2006 para comprar as duas caixas de DVDs do Chico Buarque e também o “Live 8”. Não acredito que baixem muito de preço. Meu objetivo é apenas distribuir melhor os meus gastos. Mas já sei que estou correndo um risco.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

estou sempre tentando garimpar estas raridades, mas como comprar um cd por 280 reais? o maximo q paguei ate agora foi 150 no Carlos, Erasmo.. pelo Mercado Livre.

3:26 PM  

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