sábado, março 25, 2023

Almôndegas em Porto Alegre

Um auditório Araújo Vianna lotado recebeu os Almôndegas ontem à noite, em Porto Alegre. O sucesso dos ex-integrantes Kleiton & Kledir como dupla suplantou em muito a popularidade do lendário grupo, mas não apagou sua importância na história da música do Rio Grande do Sul. Os Almôndegas já se reuniram uma vez, em 1990, para comemorar os 15 anos da banda. Daquela vez, João Baptista não pôde participar e foi substituído por Inácio do Canto. Pois ontem ele estava no palco. Só faltou mesmo Pery Souza, que está hospitalizado. Poderíamos citar ainda Fernando Pezão, que não participou de nenhum disco, mas tocou com o conjunto em 1978 (inclusive constando no programa do show como membro oficial), 1979 e 1990. Casualmente, encontrei o baterista na chegada do show. Ele comentou que essa apresentação é para reunir os membros originais. Confesso que gostei de ver Gilnei Silveira de volta na bateria. 

Pensei que eles iriam abrir com "Almôndegas", como fizeram em 1990, mas a primeira canção foi "Vento negro", num arranjo muito parecido com o do show ao vivo de Kleiton & Kledir registrado em CD e DVD, mas aqui, claro, executada no tom ideal para o vocalista original, Quico Castro Neves. Em seguida veio "Amargo", de Lupicínio Rodrigues e Piratini, que está no primeiro LP do grupo. Depois tocaram "Em palpos de aranha", com Zé Flávio e Kledir cantando juntos a maior parte, como fizeram no LP Alhos com Bugalhos em 1977. "Amor caipira e trouxa das Minas Gerais" soa linda como sempre, com vocal solo de Kledir. Também ele cantou a divertida "Daisy my love", com "puta que pariu" e tudo. Quico Castro Neves e João Baptista ficam sozinhos no palco para o primeiro interpretar sua "Gô". A banda completa apresenta a bonita "Clô". Seguida por "Mantra", balada romântica de Zé Flávio e Kleiton com vocal solo do segundo, e "Alô buenas", uma das melhores composições de Kleiton para os Almôndegas. Kledir e Gilnei apresentam "Até não mais". Imaginei que eles iriam tocar "Ri do rock", para que João Baptista pudesse fazer um vocal solo, mas o baixista acabou cantando o trecho final de "Elevador", embora não o tivesse feito no disco. Aí vem "Androginismo", criação de Kledir que passou despercebida na época do lançamento, mas acabou redescoberta no Século XXI como uma denúncia à homofobia. "Feiticeira" tem somente Kleiton e Gilnei na interpretação. Na sequência, "Circo de marionetes". A seguir, "Piquete do Caveira", vencedora da Califórnia da Canção Nativa de 1975.  Depois "Haragana", clássico dos Almôndegas de autoria de Quico que também teve gravação de Fafá de Belém. 

O único sucesso nacional dos Almôndegas, "Canção da meia-noite", foi o fim "oficial" do show. Mas é lógico que haveria um bis programado, para o qual eles guardaram as obrigatórias "Sombra fresca e rock no quintal" e, claro, "Almòndegas". A plateia exigiu ainda "mais um" e eles bisaram "Vento negro". Hoje tem show novamente em Pelotas, mas Kledir já anunciou que os Almôndegas tornarão a tocar em Porto Alegre. Bem vindos de volta Zé Flávio, Kledir, Quico, Kleiton, Gilnei e João Baptista (na ordem em que aparecem na foto abaixo)!