terça-feira, setembro 22, 2009

Fotografando viagens

Há alguns anos – tá bom, há algumas décadas – um amigo meu estava lembrando de um conselho que eu lhe havia dado antes de uma viagem dele para os Estados Unidos. E que ele se arrependia de não ter seguido. Resumia-se numa frase: "Bate foto de tudo!" Tempos depois de retornar, ele lamentava não ter posto em prática minha recomendação.

Eu falava por experiência própria. Quando estive na Flórida por duas semanas, aos 13 anos, tirei somente 40 fotos. Acham que foi muito? A verdade é que tudo parece muito banal quando está ali, disponível aos olhos. Mas depois, o que não se fotografou desaparece no tempo. Sim, fica na lembrança. Mas não é a mesma coisa. Eu me arrependi de não ter registrado imagens do hotel, dos corredores, do quarto, do saguão, das ruas, esquinas, prédios, da praia, dos colegas de excursão, das guias, do ônibus, do motorista, enfim, de tudo mesmo. Mas tive a felicidade de voltar mais duas vezes. Nem é preciso dizer que, nessas ocasiões, pequei por excesso. Gastei uma fortuna com filmes e revelações (ainda não havia máquina fotográfica digital) e ainda gravei várias fitas de vídeo. Mas valeu a pena.

É por isso que, nessa minha troca de torpedinhos com a Janete, que está na Europa, entre mensagens de saudade, novidades colocadas em dia e boletins instantâneos, eu sempre digo: fotografa bastante. Fotografa tudo. Por mais que se saiba narrar o que aconteceu depois, só o que se consegue dividir da viagem com os amigos na volta são as fotos.


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A propósito, a Janete é tão fã de Kleiton e Kledir que fez questão de ir a Portugal, para "ver o passaredo pelos portos de Lisboa". E planejou a viagem para esta época do ano para poder "voltar na primavera", que era tudo o que ela queria. No dia do embarque ainda vai dizer: "deu pra ti, baixo astral, vou pra Porto Alegre, tchau". E eu aqui, segurando o leme desta nave incandescente, esperando a minha fonte da saudade. O domingo vai demorar mais a chegar do que maria-fumaça devagar quase parada indo para a estação de Pedro Osório.