segunda-feira, agosto 27, 2007

Reencontro

Hoje fui bater o ponto na livraria Saraiva ("para ver se os livros ainda estão no mesmo lugar de ontem", como costuma dizer minha namorada) e avistei um professor meu do tempo da Faculdade de Jornalismo. Foi com ele que aprendi a gostar de História do Brasil. É bem verdade que ele me pegou numa época propícia. Eu já estava com a cabeça mais aberta para os fatos recentes, graças à abertura política. Mas independente disso, eu adorava as aulas dele. Anotava tudo e depois ainda pesquisava em casa na coleção "Nosso Século". Mais tarde viria a comprar vários livros sobre História do Brasil recente. Aliás, a disciplina se chamava "Realidade Sócio-Econômica e Política Brasileira". Acho que era a forma que a PUC encontrava de criar um nome diferente para uma matéria que, de outra forma, teria título repetido em cursos distintos. Poderia haver pedidos de aproveitamento de disciplinas com conteúdos não exatamente iguais.

Mesmo que ele não se lembrasse de mim, resolvi ir falar com ele. Até hoje não sei qual é o sobrenome dele, mas lembrava do nome: Arnoldo. Disse que tinha sido aluno dele na Famecos e contei que ele havia me ensinado a gostar de História. E comentei uma característica dele que nunca esqueci: escrevia bastante nas provas, quando as corrigia. Depois de ter tido professores que colocavam um enorme ponto de interrogação sobre o que eu havia escrito, era gratificante ver um mestre que demonstrava respeito pelo aluno, comentando detalhadamente cada resposta, o que faltou, o que foi bem colocado, enfim, alguém que demonstrava prazer até na hora de corrigir uma avaliação. Ele me falou que não se ensina mais História do Brasil no curso de Jornalismo. Lamentável.

Espero ter atingido o meu objetivo de fazer com que ele se sentisse gratificado. Acho que consegui. E não foi de graça. Eu tenho uma imensa admiração e gratidão por vários de meus ex-professores. Às vezes a gente se não se dá conta de como é importante transmitir esses sentimentos. Que bom que eu tive essa oportunidade, 20 anos depois.