O efeito Pato
Foi a venda de Alexandre Pato que fez a turma cair em si. Mas por quê? Será que ele ficou tão menos tempo no Brasil do que outros craques que também foram embora? Não necessariamente. O que fez a diferença foi um mero detalhe: ele não chegou a jogar um Gre-Nal. Foi isso que fez a torcida acordar para a triste realidade de nosso futebol. Ingenuamente a direção do Inter deve ter imaginado que, como Pato ajudou a conquistar o maior título da história do time, sua missão estava cumprida. Mas nem mesmo a grandiosidade da vitória colorada no Japão ofusca a rivalidade local. Se Pato tivesse ficado só mais um pouquinho e marcado presença em pelo menos um clássico – mesmo jogando mal – já teria mantido a ilusão de que sua saída não foi tão prematura assim. E todos continuariam felizes.
Com certeza outros jogadores brasileiros também foram negociados para o estrangeiro com pouquíssimo tempo em seus clubes de origem. Mas pelo menos cumpriram um roteiro mínimo de partidas, numa amostra representativa. É mais ou menos como ter que ir a uma festa ou função social contra a vontade. Você até pode sair cedo, mas precisa dar uma disfarçadinha básica para marcar presença. Cumprimenta um, conversa com outro, come um salgadinho, aceita uma bebida, distribui sorrisos e, em menos de meia-hora, desaparece. Pronto, todos vão lembrar que você esteve no evento. Mas se ficar quieto num canto sem falar com ninguém, todos notarão se você sair logo.
Por culpa de Pato e da direção do Inter, pululam na imprensa esportiva de todo o Brasil matérias e comentários sobre o esvaziamento do futebol brasileiro. Como se fosse novidade. Como se não estivesse acontecendo há mais de dez anos, talvez 20. Tudo isso poderia ter sido evitado. Bastava segurar o jogador por tempo suficiente para que jogasse um Gre-Nal. Mas o fato de Alexandre Pato não ter sequer chegado a participar de um clássico fez soar o alarme. E, antes tarde do que nunca, a torcida despertou.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home