Falcões e patos
O incrível é que Falcão ficou na equipe profissional por mais de cinco anos. Ele esteve presente nos três títulos nacionais do Inter nos anos 70: 75, 76 e 79. E nós, colorados, achávamos que ele nunca sairia. Ou talvez somente quando já não tivesse o mesmo brilho. Hoje pode parecer ingenuidade, mas na época era normal. Os jogadores da Seleção eram todos de times brasileiros. Já havia jogadores no exterior, mas não os melhores. O futebol brasileiro era tão bom que podia exportar, digamos, o "excedente". E já estava bom demais para os estrangeiros. Mas os craques ficavam.
Depois de Falcão, foi a vez de Zico. E uma campanha do Dia da Secretária mostrou o patrão adormecendo e sonhando que a secretária havia sido vendida para a Itália. Quando ele acordava e via que ela ainda estava ali, se abraçava a seus pés. Depois o publicitário idealizador da campanha disse que se inspirou na venda de Zico.
Bons tempos. Bons tempos em que tínhamos o melhor futebol brasileiro aqui mesmo, no Brasil. O pobre presidente José Asmuz foi execrado por vender Falcão ao Roma, mas hoje pode ser visto como um visionário. Ou quem sabe não foi ele o culpado por tudo isso. Lançou a moda. Hoje um jogador se destaca e a gente já sabe que é só uma questão de tempo até que ele vá embora. Ninguém se estressa, ninguém reclama, não há mais editoriais furiosos ou melancólicos na imprensa esportiva, simplesmente nos resignamos e desejamos boa sorte ao jogador em seu novo clube.
Definitivamente, os tempos mudaram. Talvez por isso eu tenha me desinteressado de futebol.
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