domingo, abril 30, 2006

Billy Vaughn em CD

Às vezes penso que, mesmo que eu quisesse aderir à chinelagem do CD pirata, seria complicado. Certos itens que eu procuro o camelô da esquina nem sabe que existem. Só o imagino me olhando com aquela cara de ponto de interrogação. "Billy Vaughn? Posso conseguir para o senhor." Aí eu passaria pelo calvário de pelo menos tentar explicar-lhe que não estou interessado nas coletâneas de Vaughn lançadas em CD no Brasil. São todas fajutas, com regravações que a orquestra fez mais tarde, a partir dos anos 70, e deve haver pelo menos uns três CDs com o nome de "La Paloma". Nenhum é o legítimo da época. As melhores gravações de Billy Vaughn foram as que ele fez para a DOT nos Estados Unidos, lançadas no Brasil em vinil pela RGE. Essas até existem em CD, mas só importado. E é preciso saber escolher para não levar gato por lebre.

Tive meu primeiro contato com Billy Vaughn em 1973, aos 12 anos. Meu pai ganhou um toca-fitas para o carro e saiu para comprar fitas gravadas para estrear o brinquedo novo. Entre os títulos escolhidos estava um cassete de nome "Olhando Estrelas", de Billy Vaughn. Mais tarde eu vim a saber que o título original era o mesmo de uma das músicas, "Look for a Star", que era tema de um programa da Rádio Itaí. Embora eu já estivesse começando a gostar de rock, apaixonei-me por aquela sonoridade suave e melodiosa da orquestra de Vaughn. Na era do CD, durante anos, meu sonho era que o LP "Look for a Star" tivesse relançamento no novo formato. Inicialmente, tive que me conformar com uma coletânea americana que tinha "Look for a Star" em sua gravação original e outras bem interessantes, mas não a minha faixa preferida do disco: "Snowfall". Pois a espera está prestes a terminar: em junho, "Look for a Star" sai em CD nos Estados Unidos pelo selo Collector's Choice.

Na verdade são seis LPs de Billy Vaughn relançados em três CDs "dois em um" (conhecidos em inglês como "twofers"). Os pares serão: "Look for a Star/A Swingin' Safari", "Sail Along Silv'ry Moon/Blue Hawaii" e "Theme from a Summer Place/Theme From the Sundowners". Outro objeto de desejo dos fãs de Vaughn, esse bem mais caro, é a caixa de seis CDs "Sail Along Silv'ry Moon", lançada originalmente na Alemanha. O LP de mesmo nome que consta no lançamento "2 em 1" está também na caixa, mas nem todas as faixas de "Blue Haiwaii" entraram, de forma que os completistas não poderão dispensar o CD avulso.

Seria ótimo se alguma gravadora brasileira bancasse o lançamento desses CDs todos em edição nacional, para aliviar nossos bolsos. Billy Vaughn sempre teve bom público por aqui, bem como Paul Mauriat, Frank Pourcel, Henry Mancini, Percy Faith e Ray Conniff. Mas, se não sair, a solução é importar, mesmo, bancando o preço do dólar e a taxa de importação. Nem percam tempo com camelôs: eles não vão saber sequer onde procurar material desse nível. A pirataria e o seu público-alvo se merecem.

quinta-feira, abril 27, 2006

Outra casualidade

Hoje aconteceu outro lance de casualidade muito parecido com aquele de ter postado sobre o Titanic sem saber que era o aniversário do naufrágio. E típico de quem compra mais CDs do que tem tempo para ouvir.

Ainda não olhei todo o DVD de "Madagascar", mas uma cena do começo me chamou a atenção. Quando os animais vão ser alimentados (com garçons e tudo) depois que o zoológico fecha, a música que toca de fundo me era familiar. Acho que era tema de um programa da rádio Guaíba. Primeiro, procurei a lista de músicas do CD com a trilha sonora, mas não era nenhuma delas. Depois, olhei cuidadosamente a lista de música nos créditos do final do filme e anotei dois nomes para conferir. Um deles era "Holiday for Strings". Tentei achar uma amostra dessa música no site da Amazon, mas a única que encontrei não me pareceu ser a mesma. Postei uma pergunta em um site de colecionadores e decidi esquecer o assunto até segunda ordem.

Agora há pouco fui procurar algum CD para ouvir e escolhi "Voices in Orbit", uma coletânea de músicas antigas. Faz tempo que a comprei, mas nunca a escutei com calma. Eu me interessei pelo CD por causa de "Teach Me Tiger", mas depois me decepcionei ao ver que não era a gravação que eu conhecia. Enfim, resolvi dar uma ouvida no CD com mais atenção. Antes, dei uma olhada rápida na lista de músicas e não acreditei: lá estava "Holiday for Strings" que eu tanto procurara na Internet. Ouvi e – BINGO! – era a música do filme! Estava na minha coleção o tempo todo e eu a catava em vão nos sites! Talvez até acabasse comprando algum CD só para tê-la... e já a tinha! Não parece piada?

Na verdade o que me impressiona é a casualidade de eu ter encontrado a música em minha própria coleção no mesmo dia em que a procurei na Internet, mas isso de não saber com certeza o que eu tenho ou não já aconteceu antes. Um dia meus amigos me recomendaram o CD "Ram", do Paul McCartney. Cheguei a pegá-lo na mão na Saraiva, mas desisti de comprar. Meses depois fui dar uma mexida nos meus CDs e, para minha surpresa, lá estava o "Ram"! Aí lembrei que o tinha comprado em 1989 na saudosa Mesbla, por oferta. Também comprei nos Estados Unidos o CD "Saturday Night Live – The Musical Performances, Volume 1" sem ter certeza se já o tinha ou não. Aqui no Brasil, constatei que sim. Eu achava graça quando meu pai comprava duas vezes o mesmo LP de tango de Francisco Canaro e agora eu faço o mesmo. Mas ele devia ter uns dez LPs no máximo e eu tenho mais de 2 mil CDs.

E tem gente que achava que eu deixaria de comprar CDs podendo baixar MP3.

O muro da galeria

Ontem fui conhecer o "muro da vergonha" que construíram na Galeria do Rosário. Eles juram que foi uma orientação de segurança, mas seria apenas isso? A parede fechou a saída perpendicular que existia na metade do trajeto em direção à Otávio Rocha. Aquele trecho, oficialmente, não pertence à Galeria do Rosário. É outra galeria chamada XV de Novembro. Na inauguração, segundo fui informado, a Galeria do Rosário começava na Vigário José Inácio e terminava ali, formando um L com a XV. Depois o L virou T com a extensão até a Marechal Floriano. Agora foi feita a separação oficial, com o isolamento da "perna" do T. Suspeito que possa haver motivos políticos, já que eram condomínios separados que o público via como um só. Imagino discussões como "isso é com a administração da XV" ou "não é responsabilidade nossa".

Visitei os dois lados da divisão. Na Galeria do Rosário, nem se diz que ali existia uma passagem. A parede está rebocada e pintada, com dois grandes vasos à frente. Já no lado da XV de Novembro, há tijolos à vista e vários cartazes de protesto dos comerciantes que ficaram isolados. A Galeria do Rosário serve de passagem e tinha a XV como entrada ou saída opcional. Agora acabou. A XV virou um beco e ninguém mais vai "passar" por ela, o que prejudica a visibilidade do comércio ali instalado.

A Galeria do Rosário mudou muito desde a minha infância, quando eu a atravessava com minha mãe ou minha irmã para ir ao Jardim de Infância. Ela tinha diversas lojas de brinquedos onde eu ganhava carrinhos "matchbox", fantoches e jogos diversos. Tinha também três lojas de discos onde dei início a minha "carreira" de colecionador e apreciador de música. Lembro da Chá Flora, sofisticada loja de artigos e presentes japoneses. A Casa dos Gravadores até que durou bastante, só acabou nos anos 90. Ontem constatei que a tradicional confeitaria também não existe mais. Predominam as "lojinhas de muamba" e algumas lancherias, entre elas o popular "Cachorro do Bigode" e o concorrente "Cachorro do Tomate", inaugurado há pouco tempo.

O fechamento do acesso à galeria XV de Novembro escureceu um pouco a Galeria do Rosário. Uma pena. De qualquer forma, já apus meu nome no abaixo-assinado que foi colocado do lado feio da parede. Mas, a julgar pela adaptação rápida do outro lado, vai ser difícil derrubá-la.

terça-feira, abril 25, 2006

Mais uma lenda do Orkut

Se você está no Orkut (ou até se não estiver), já teve ter recebido uma mensagem mais ou menos assim:

"Foi confirmado ontem pela Rede Globo que o Orkut vai passar a ser pago. Exatamente, o Orkut vai ser pago. A única maneira de isso não acontecer é atualizando seu perfil enviando esta mensagem para o máximo de pessoas que puder. Após enviar para umas 15 ou 20 pessoas (o número varia de acordo com o número de amigos), aperte a tecla "F5". O seu perfil estará então atualizado para a versão "Plus" do Orkut (que não é paga). Mas atenção: quem não atualizar seu Orkut ou não inserir uma conta para pagamento terá seu perfil cancelado a partir do início do mês que vem. Atualize seu Orkut o mais rápido possível."

Quando as pessoas estavam talvez começando a ficar espertas sobre o fato de que só a imprensa é confiável para a divulgação de notícias em larga escala, os disseminadores de boatos descobriram uma forma de burlar essa recomendação: basta começar dizendo que "deu na Globo". Pronto! Ninguém quer saber exatamente quando (o que aparece é sempre "ontem", independente da data do e-mail), em que programa e, principalmente, quem viu primeiro. "Deu na Globo" é informação suficiente para validar a autenticidade do alerta.

Engraçado que uma notícia dessas "deu na Globo" mas não foi anunciada no próprio site do Orkut. Como se o teor em si não fosse ridículo o bastante para denunciar sua falsidade. Ora, por que o Orkut desejaria me induzir a enviar uma mensagem "para o maior número de pessoas"? No que isso me tornaria digno de gratuidade? E depois, que história é essa de "inserir uma conta para pagamento"? Desde quando um site ou empresa consegue acessar diretamente a minha conta para efetuar débitos?

Talvez alguns contra-argumentem que não há nada no procedimento indicado que sugira a intenção de lesar, como a execução de um Cavalo de Tróia, por exemplo. Confesso que fiquei curioso para saber o que aconteceria se eu seguisse os passos orientados. Mas, pela lógica, não deve acontecer nada. A menos que algo me escape, esse parece ser um falso alerta sem efeitos nocivos a não ser o de expor a credulidade inesgotável dos internautas. Realmente, a minha mensagem de 1º de abril se mostra cada vez mais pertinente.


A propósito, não quero espalhar pânico, mas a hipótese de outro usuário se apoderar do seu perfil, esta sim, é procedente. Já aconteceu comigo de estar no Orkut e, de repente, a lista de comunidades ser outra muito diferente da minha. Fui ver a página inicial e, batata, eu estava logado com outro perfil. Aconteceu por acaso, como se eu tivesse esbarrado numa "brecha interdimensional" tal qual nos gibis de super-heróis. Não sei se é possível apoderar-se de um perfil premeditadamente, mas de forma acidental, acontece. É um risco que se corre.

Tarzan e Jane

Sempre gostei de contar e ouvir piadas. Independente do humor e da criatividade, algumas piadas trazem lições. A gente só não perde tempo dizendo "moral da história" porque imagina que os ouvintes vão estar rindo nesse momento. De preferência, gargalhando. Suando, lacrimejando, ficando vermelhos e descontrolados de tanto rir. Como disse um amigo, provocar esse tipo de reação nos dá uma sensação de "missão cumprida". Quando uma piada faz sucesso, não há a menor necessidade de perguntar: foi bom pra você? É mais fácil fingir um orgasmo do que uma gargalhada.

As melhores piadas são as infames e sutis. Como as dos elefantes, por exemplo. Mas não vou contá-las aqui. Não todas, pelo menos. Quero deter-me em uma em especial. Sabe o que o Tarzan disse para a Jane quando viu os elefantes em cima da colina?

- Jane, olhe! Os elefantes estão em cima da colina!

Tudo bem, talvez você não tenha achado graça. Depende do momento e do tipo de humor de cada pessoa. Mas eu nunca tinha percebido como essa piada é profunda. Num mundo atribulado como este em que vivemos, só alguém como o Tarzan teria tempo e disponibilidade para observar os elefantes sobre a colina. Afinal, que preocupações ele tem? Quais os compromissos do Tarzan? Combater animais ferozes, balançar-se de árvore em árvore pendurado no cipó e, de vez em quando, bater no peito e soltar uns gritinhos esquisitos feito cantor de yodel. Nas horas vagas ele não lê livros, jornais ou revistas. Não tem cultura. Não freqüenta escola ou faculdade. Não cumpre horário. A visão dos elefantes é suficiente não só para atrair sua atenção mas também para suscitar um comentário. Os elefantes estão em cima da colina! Um fato tão relevante como esse merece ser discutido! É um assunto para conversar com Jane.

Mas... e ela? No momento exato em que Tarzan fez a observação, Jane pensava se a crise da Varig a faria desistir de sua planejada viagem à selva amazônica. Selvagem por selvagem, pelo menos Tarzan falava sua língua, que ela própria ensinara. Até rolou um clima no primeiro encontro: "Me, Tarzan, you Jane." A forma como Tarzan contraiu os bíceps para gesticular a deixou fascinada. Mas agora ela começava a pensar que talvez eles não tivessem sido feitos um para o outro. Sim, o rapagão era forte e atlético. Fisicamente, era o homem dos seus sonhos. Mas os dois não tinham os mesmos interesses. Havia um certo desnível cultural entre eles. A selva, para ela, era um objeto de estudo. E Tarzan tinha o péssimo hábito de interromper seus raciocínios complexos de filha de caçador e aspirante a pesquisadora com assertivas como a que ela acabara de escutar. Sem dúvida, Tarzan e Jane eram o amor impossível. Essa é a verdadeira lição da piada aparentemente infame e sem graça.

- Jane, você ouviu o que eu disse?
- Hein? Ah, sim, claro! Os elefantes estão em cima da colina. Que coisa, né? Eles vão sempre lá?

Historinha do Cascalho

Para quem viveu em Porto Alegre nos anos 70, o radialista Antônio Carlos Contursi será sempre o Cascalho da Rádio Continental, que apresentava o "Cascalho Time" às seis da tarde e promovia o "Baile dos Magrinhos". Foi o Cascalho quem criou a gíria "magrinho", que fazia com que até os gaúchos gordinhos fossem chamados de "magrinho" pra cá e "magro" pra lá nos anos 70. Aqui vocês lêem uma entrevista do Cascalho para o projeto Vozes do Rádio, da FAMECOS/PUC-RS. Mas legal mesmo é a historinha que apareceu no Orkut. Quem conta é o Orkuteiro Auber:

"O Radiopatrulha, da Band AM, era um programa de muita movimentação de repórteres e tinha várias matérias de Polícia. Certa vez, o Cascalho foi entrevistar o comandante geral da Brigada Militar, o coronel Nelson PAFIADACHE. O diálogo foi mais ou menos assim:

Cascalho - Estamos na linha com o comandante geral da Brigada Militar, coronel Nelson PADAFACHE! Boa noite, coronel!

CEL - Boa noite, mas é PAFIADACHE.

Cascalho - Ok, desculpe. Então, coronel PAFIDACHE...

CEL - PAFIADACHE, meu amigo!

Cascalho - Certo, agora sim, coronel PAIADACHE!

CEL - PAFIADACHE!!!

Cascalho - Ahnn, certo, comandante NELSON!

E aí seguiu a entrevista, com o Cascalho falando 'comandante Nelson' prá cá, 'comandante Nelson' prá lá, até que chegou a hora de encerrar:

Cascalho - Muito obrigado, coronel PADAFI, pela entrevista.

CEL - PA-FI-A-DA-CHE!!! Coronel PAFIADACHE!!!

Cascalho - Ok, obrigado e um abraço, comandante!

Em seguida, veio o intervalo comercial. No retorno, tri-constrangido, o Cascalho pediu desculpas aos ouvintes por ter pronunciado o nome do comandante da BM de maneira errada. Disse ele:

- O nome correto do coronel é Nelson PADACHI!

E o programa continuou..."

Valeu, Auber. Essa historinha fica preservada para a posteridade.

segunda-feira, abril 24, 2006

Tróia virtual

No feriado do dia 21, o jornal Hoje, da Globo, apresentou uma matéria sobre vírus de computador. Chamou-me a atenção que a reportagem abordou na verdade os Cavalos de Tróia e não os vírus propriamente ditos. Eu ainda não tinha pensado nisso, mas com o uso cada vez mais reduzido de disquetes e a ingenuidade cada vez maior dos usuários em acreditar em tudo que recebem por e-mail, os hackers devem estar achando mais fácil criar Cavalos de Tróia. A diferença básica é a de que o vírus se instala sorrateiramente enquanto o Cavalo de Tróia é um programa que você é induzido a executar. Se é essa mesmo a tendência, tão ou mais importante do que a instalação de programas de proteção seria a conscientização de quem usa e-mail. Não é só nos textos com assinatura de Luis Fernando Verissimo ou nas falsas notícias de seqüestros e refrigerantes envenenados que não se deve acreditar. Também os links, programas anexos e cartões virtuais suspeitos devem ser desprezados.

No ano passado, postei aqui no blog um texto intitulado Cavalos de Tróia. Como naquele tempo eu ainda recebia toneladas de e-mails indesejáveis, resolvi dividir com os visitantes um pouco do que aprendi com aquelas mensagens de procedência duvidosa. Tempos depois, fui contactado pelo webmaster de um site de informática pedindo para reproduzir o texto em sua página. Autorizei na hora e ainda fiquei orgulhoso que minha experiência de internauta pudesse ser útil para outros. Pedi a ele que me avisasse quando fosse feita a publicação. Como nunca mais tive retorno nem encontrei meu texto em outro endereço, presumo que houve desistência. De qualquer forma, modéstia à parte, acho que consegui compilar os principais tipos de Cavalos de Tróia e as dicas mais certeiras para tentar evitá-los. Sempre que vejo a imprensa abordar essa questão, percebo o quanto ela ainda é atual. As pessoas terão que aprender na marra a não confiar em e-mails.

sábado, abril 22, 2006

Orkut dedo-duro

O Orkut acaba de implementar mais um recurso de benefício duvidoso: agora ele avisa quem olhou o seu perfil. Acabou a moleza de ficar "espiando" perfis alheios sem ninguém saber.

sexta-feira, abril 21, 2006

O detalhe no futebol

A morte de Telê Santana me motiva a tirar da manga um assunto que havia me ocorrido quando o Grêmio empatou o Gre-Nal e se sagrou Campeão Gaúcho. Como sou colorado, achei que o comentário pareceria um menosprezo à conquista do co-irmão. Mas lembrando do extraordinário desempenho da Seleção Brasileira de 1982, comandada por Telê, acho que as observações serão pertinentes.

Já perceberam como, no futebol, um detalhe ínfimo representa a diferença entre um "trabalho vitorioso" e uma "campanha desastrosa"? Se o Inter tivesse mantido o resultado de 1 a 0 e vencido o Grêmio, todos os jogos anteriores teriam sido iluminados pelo brilho de um título ao final. Mas como o campeão foi o Grêmio, é como se nenhum dos êxitos anteriores do Inter tivesse valor. O Grêmio é que realizou um "trabalho vitorioso". A ele cabem os louros.

O mesmo aconteceu com a Seleção Brasileira na Copa de 1994. O técnico Carlos Alberto Parreira vinha sofrendo críticas sistemáticas. A atuação da equipe era apenas razoável, inclusive amargando um empate. Na final contra a Itália, quem era velho o suficiente para ter assistido à Copa de 70 só lembrava que, naquela ocasião, o mesmo país adversário havia sido aniquilado com relativa facilidade no segundo tempo. Mas a Seleção de Parreira nos fez passar pela agonia do zero a zero no tempo regulamentar e na prorrogação. Aí, na loteria dos pênaltis, um chute mal direcionado de Baggio fez a diferença. Numa fração de segundo, Parreira virou herói. Falou com orgulho de sua campanha em entrevistas, chegando a citar um sucesso de Frank Sinatra para dizer, em inglês mesmo: "I did it my way." Depois do chute ruim de Baggio, a Seleção Brasileira passou a ser a melhor da Copa desde o apito inicial do primeiro jogo.

Aí lembro da Seleção de Telê em 1982. Que time fantástico! Zico, Falcão, Sócrates, Toninho Cerezzo... O Brasil estava dando shows de bola que chegavam a lembrar 1970. Parecia estar escrito nas estrelas que naquele ano aconteceria o primeiro título verde-amarelo da era pós-Pelé. Mesmo no jogo fatídico contra a Itália, Falcão marcou um dos mais belos gols de sua carreira. Mas o sonho morreu nos pés de Paolo Rossi. Aí, todo o lume de quatro partidas vitoriosas se apagou como por (des)encanto. Telê, que havia montado aquele time espetacular, virou bode expiatório da frustração da torcida. A imprensa ironizou que o "futebol-arte" do treinador fracassara. Mesmo assim, ele teve uma nova chance em 1986. E perdeu nos pênaltis contra a França.

O currículo de Telê é grande o suficiente para que entre para a história como um profissional vitorioso. Mas seu "mau desempenho" nas Copas decorreu de detalhes, pequenos azares. Como também aconteceu com Cláudio Coutinho, a quem a Veja chamou de "falso brilhante" em 1978 embora se tenha saído invicto, sem contar aquela suspeita goleada da Argentina contra o Peru. Enfim, no futebol só existem heróis ou vilões, glórias ou ruínas, trabalhos exitosos ou campanhas desastrosas. E a diferença entre um e outro pode estar num detalhe.

quinta-feira, abril 20, 2006

Que felicidade!

Esta capa de revista me chamou a atenção hoje, na banca. "A receita de felicidade de Angélica." Dá pra ver no rosto o resultado!

quarta-feira, abril 19, 2006

30 mil

Nesta noite o blog deve passar da marca de 30 mil acessos. Obrigado a vocês pelas visitas. Noto que está havendo uma progressão. Acho que já são 100 acessos por dia ou quase (contando com os meus próprios, mas tudo bem). Não é tanto assim, mas estou gostando. Voltem sempre!

O que já perdemos

O destino da Varig deve se definir logo. Enquanto o Brasil torce para que a empresa sobreviva, fico pensando em quantas outras instituições de maior ou menor porte gostaríamos que não tivessem acabado. Só em Porto Alegre houve várias. Seria ótimo ainda encontrar na Rua da Praia, na esquina com a Marechal Floriano, a Masson em seus melhores tempos. O prédio todo como joalheria e relojoaria, incluindo também filmes e material fotográfico. Tenho uma vaga lembrança de a Masson ter sido uma das primeiras lojas de Porto Alegre a vender filmes em videocassete, no começo dos anos 80. Tudo importado, é claro. Sumiram das vitrines assim que a pirataria tomou conta.

E a Casa dos Gravadores? Era o "point" dos audiófilos porto-alegrenses. Lá se encontrava do bom e do melhor. Foi na Casa dos Gravadores que comprei o equipamento de som que uso até hoje, incluindo um aparelho de videodisco, adquirido no final de 1990, e o televisor que acrescentei mais tarde. O DVD player veio depois, quando a loja já não existia. A lacuna parecia que iria ser suprida pela Circuito City, uma loja diferenciada no Shopping Praia de Belas, com aparelhos de primeiríssima linha. Mas logo deu lugar a uma revendedora de telefone celular.

Na André da Rocha havia uma loja de discos raros que era fantástica. Os músicos que vinham a Porto Alegre e se hospedavam no Porto Alegre Residence Hotel, logo ao lado, a visitavam e ficavam fascinados. Até o primeiro LP de Roberto Carlos, "Louco por Você", eles tinham. Ali consegui um disco de festival com a música "Flash", de Hermes Aquino. Dizem que o antigo dono, o Beto, continua atuando em Santa Catarina. Desertor! Na Galeria Florêncio Ygartua, o ex-radialista Ricardo Campos tinha a "Rica Discos" onde havia colocado praticamente toda a sua discoteca à venda. Era como entrar numa loja de vinil dos anos 70 e sair comprando. Os LPs e compactos estavam em ótimo estado. Acabou, também. Na mesma galeria, deixa saudade ainda uma franquia da Record Runner, com especial destaque aos títulos de música italiana, que eram da preferência do proprietário Marco Ávila.

A Rádio Continental marcou época nos anos 70, na freqüência 1120 AM. Mas ela poderia ter feito a transição para FM sem solução de continuidade em seu trabalho. A atual Continental FM iniciou em 1992 e tem apenas direito ao nome, não sendo, a rigor, a mesma rádio. Mas se "aquela" Continental não tivesse acabado, poderíamos sonhar também que o programa de Mr. Lee ainda existiria. A Lee nunca teria saído do Brasil nem tirado o patrocínio de Júlio Fürst, que estaria completando 31 anos de "Mr. Lee em Concerto" sempre divulgando novos músicos gaúchos todas as noites das 10 às 11. Por que não? O Jornal do Almoço estreou em 1972 e está aí até hoje. Júlio poderia ter-se tornado o nosso John Peel, descobrindo talentos e rodando gravações inéditas em seu espaço. Para quem prefere um estilo mais popular, a antiga Rádio Itaí teria mantido o seu formato tradicional, com programas como "Peça e Ofereça" e "Itaí Dona da Noite".

Ah, que saudade da livraria Sulina, com suas fartas opções de livros nacionais e importados. A Mercado Aberto, ao lado do Cultural, também foi ótima enquanto durou. A Coletânea saiu da Rua da Praia em 1976 e se deslocou para os altos do Mercado Público. Depois mudou-se para a Galeria Sete de Setembro. O espaço veio a ser substituído pela Planeta Proibido, especializada em quadrinhos. A Planeta foi para a Riachuelo, depois para a Jerônimo Coelho e por fim fechou. Os aficcionados de histórias-em-quadrinhos de Porto Alegre hoje sentem falta de uma loja do tipo "Comics Store".

Não esqueçamos das guloseimas. Num mundo ideal, o Rib's ainda estaria na Rua da Praia e na 24 de outubro, com seu inigualável milk-shake. Hoje existe o Best Food com o mesmo cardápio, mas fora de mão para os antigos freqüentadores. O Iogurte Caseiro Gaúcho tinha um fantástico sorvete de iogurte que em nada lembrava o "frozen yougurt" de torneirinha. Fora o iogurte para beber e o sanduíche natural com tahine, uma delícia. Da última vez que eu soube, eles haviam se mudado de vez para a Estrada do Mar. Uma pena. Bom mesmo era quando, como dizia o jingle, eles estavam "na Perimetral do Parcão, na Marquês do Pombal e, durante todo o verão, em Capão da Canoa". É bom nem pensar muito na praia ou surgirão outras saudades, como o Boliche de Capão, por exemplo.

Nada dura para sempre. E não depende de nossa vontade. Mas a incerteza do destino da Varig faz pensar em tudo o que já desapareceu em tão pouco tempo. Não estou nem entrando na questão humana que envolve os empregados. O mundo dá voltas. Temos que agradecer pelas novidades, mas também estar preparados para as perdas.

Raridade


Achei esse disquinho ontem num sebo. Quem lembra da Caderneta de Poupança Apesul? Esse compacto duplo inclui quatro faixas do LP lançado por Roberto Carlos em dezembro de 1978, portanto conclui-se que saiu em 1979. Era brinde para os depositantes da Caderneta.

terça-feira, abril 18, 2006

Telefonet

Eu sempre alerto a todos que a Internet não é fonte confiável para notícias e autorias. Mas ontem percebi que a "telefonet" também não é segura. Minha namorada comentou ao telefone que houve um assalto com morte na Travessa Leonardo Truda. Contei para uma colega e ela quase teve um chilique, pois tinha mandado o boy justamente lá. Liguei de novo para saber mais detalhes e fiquei ainda mais apreensivo, pois ela me disse que tinham vindo "duas ambulâncias para recolher os mortos e feridos do tiroteio". Fui correndo tentar buscar mais informações no site do ClicRBS. Acabei encontrando a notícia do assalto. Não houve morte. Apenas duas pessoas se feriram e nenhuma delas era o nosso boy.

"Duas ambulâncias para recolher os mortos e feridos do tiroteio..." Então tá!

"Caiu na Rede" revisto

Quando comentei o livro da jornalista Cora Rónai, "Caiu na Rede", procurei destacar somente os aspectos positivos. Afinal, adorei a obra e acho que deveria ser leitura obrigatória para quem freqüenta a Internet. Mais do que isso, a mídia para o lançamento serviria também para denunciar os textos falsos, podendo até fornecer o gancho para a tão sonhada matéria no Fantástico. Enfim, qualquer esforço no combate aos apócrifos é bem-vindo. Cora Rónai fez um excelente levantamento do caos que se instaurou na rede com a disseminação indiscriminada de textos com autoria incorreta.

Mas, no blog dedicado ao livro (http://livrocaiunarede.blogspot.com), a verdadeira autora do texto "Romeu e Julieta contemporâneo", Francine Bittencourt de Oliveira (cujo blog está aqui), postou uma crítica construtiva. Ela diz: "Duas coisas me deixaram um pouco chateada. A primeira foi meu texto ter entrado como autor desconhecido, já que esta devidamente registrado há dois anos e só o nome do Verissimo é que sempre aparece... Mas tudo bem estou acostumada. Vou torcer para sair a próxima edição e com isso a editora altera." Eu também acho que Cora poderia ter-se esforçado mais em localizar os verdadeiros autores. A maioria deles está na própria Internet, é só dar uma "googlada seletiva" que eles acabam aparecendo. A seguir, é claro, deve-se tentar contato para confirmação. Cora fez a ressalva de que alguns autores foram identificados e não autorizaram a divulgação de seus nomes, mas por uma razão compreensível: os textos seriam publicados da forma adulterada com que costumam circular e não em sua versão correta original. Também sobre isso a escritora alertou que não pretendia restabelecer a verdade dos fatos, mas apresentar um instantâneo da situação na Internet.

A outra queixa de Francine é: "Textos falsos, no título, passa a impressão que os autores desconhecidos copiaram os grandes autores, o que no meu caso, e acredito que no da maioria, também não é verdade." Concordo com Francine e vou além: também não aposto na hipótese de premeditação sugerida por Cora Rónai. A jornalista presume que a substituição de assinatura nos textos apócrifos seja uma atitude deliberada de pessoas que queiram dar mais destaque às crônicas ou poemas. Ela chega mesmo a supor que o próprio autor – o verdadeiro – seja responsável pelas falsas assinaturas de Luis Fernando Verissimo e Arnaldo Jabor, entre outros. Não acredito nessa possibilidade. Até pode haver má-fé em casos isolados, mas na maioria das ocorrências, os apócrifos surgem de forma espontânea. A existência de "alguém" responsável por eles me parece tão improvável quanto a de um autor para boatos e lendas urbanas. Menos ainda que esse "alguém" seja o autor real, boicotando a si mesmo para que suas idéias ganhem notoriedade. Que vantagem teria com isso, por exemplo, Martha Medeiros, que já teve pelo menos quatro de suas crônicas atribuídas a Mario Quintana? Quem gosta de "Felicidade Realista" vai procurar o autor errado e deixar de conhecer as obras de Martha. É evidente que ela é a vítima e não a culpada. Faço essa observação óbvia porque já li um comentário "inteligente" no Orkut de que a escritora estaria se promovendo às custas de Quintana. E depois dizem que eu não tenho paciência...

A primeira vez em que recebi por e-mail aquele texto de amizade de Paulo San'tana, estava sem autoria. Incrível, mas há leitores que acham mesmo que não é importante creditar o autor de um texto. Isso foi confirmado pela cronista e poetisa Betty Vidigal em suas incansáveis pesquisas. Simplesmente, alguém acha um texto bonito e decide repassá-lo. Mas, como nunca ouviu falar no autor, omite o seu nome. Ora, ninguém sabe quem é esse tal de Paulo Sant'ana, mesmo... (Só o Rio Grande do Sul inteiro, mas tudo bem.) Um dia, alguém lembra: Vinicius de Moraes escreveu texto sobre amizade, deve ser este. E assim nasce um apócrifo. Já recebi uma piadinha enviada por um amigo com a observação: "Acho que é do Luis Fernando Verissimo." Obviamente não era, mas há quem julgue conhecer bem o estilo de dois ou três escritores e imagine que só eles redigem tudo o que circula por e-mail. Se é humorístico, é do Verissimo. Se é crítico, é do Jabor. Se é romântico, é do Quintana. Pronto, nunca foi tão fácil identificar estilos literários!

Cora Rónai deu o pontapé inicial, mas a literatura ainda carece de uma obra realmente investigativa sobre o assunto. Por enquanto, quem parece estar na dianteira é a já citada Betty Vidigal, de cujas pesquisas encontra-se uma amostra aqui. Cora já fotografou o caos. Cabe a alguém agora organizá-lo.

Eu li!

"Grupos amados exigem retratação de Abbas após atentado em Israel"

Está aqui, nas notícias internacionais do Via-RS (enquanto não tirarem ou corrigirem). Com tanto desamor no mundo, esses aí são amados e ainda compram briga. Faça amor, não faça guerra. Ou seria: tudo é justo no amor e na guerra?

P.S.: Mais duas.

Na Zero Hora de hoje, em matéria sobre a Varig, um dos títulos é: "Concorrentes endossariam bilhetes se a Varig parar." Alguma coisa não soa bem nessa frase. Acho que a concordância correta é: "Concorrentes endossariam bilhetes se a Varig parasse." Ou então: "Concorrentes endossarão bilhetes se a Varig parar." É isso, não?

Uma amiga do Orkut acaba de me enviar uma mensagem sob o seguinte título: "É longa mas me tocou profundamente." Lógico, né? Quando mais longa, mais profundamente toca. Foi bom pra você?

segunda-feira, abril 17, 2006

Quintana no ClicRBS

O site ClicRBS está promovendo uma enquete sobre Mario Quintana. E convida também os leitores a dizer, no mural, "que poema de Quintana marcou sua vida e por quê". Até que o índice de apócrifos (poemas que não são dele mas circulam pela Internet como se fossem) está mais baixo do que eu imaginava até agora, talvez por ser um site gaúcho. Supõe-se que os conterrâneos de Quintana conheçam melhor a sua verdadeira obra. Mas o resultado dessa divulgação pode servir de gancho para uma matéria sobre os textos falsamente atribuídos a ele. Acho que é necessário. Enquanto a grande imprensa não esfregar na cara dos desinformados que estão admirando um Quintana que não existe, os textos falsos persistirão impunemente.

Eu li!

A Zero Hora de hoje publica a notícia da volta da Miss Brasil Rafaela Zanela à sua cidade natal, Santa Maria. E encerra assim:

"Hoje, Rafaela viaja para o Rio de Janeiro onde fará uma seção de fotos para o Miss Universo."

Grifo meu.

Ritmo e melodia

Volta e meia ouço alguém dizendo que não lembra do "ritmo" de uma música. Ou que achou a letra mas não conhece o "ritmo". Sei que nem todos cometem esse erro, mas em função do que acabei de ler em um site, um lembrete: ritmo é o andamento, o tempo e a "batida" de uma música. A seqüência de notas se chama melodia.

domingo, abril 16, 2006

Cuidado

Atenção: tem uma turma que está percorrendo as comunidades do Orkut anunciando programas que geram créditos grátis para celular ou que "abrem qualquer webcam sem pedir permissão", fornecendo links. Pra mim é óbvio que se trata de Cavalo de Tróia mas, a julgar pelas mensagens que aparecem no mural de um dos disseminadores (geralmente perfis com fotos provocantes de mulheres nuas), muita gente se deixou enganar. Alguns reclamam, furiosos, que foram infectados, enquanto outros, ingenuamente, dizem que o programa não funcionou, que o computador acusou vírus e pedem mais orientações. Fiquem espertos. O Orkut, por si só, não infecta ninguém. Em outras palavras, não existe "vírus do Orkut", portanto também não acreditem em mensagens que anunciam limpar esse suposto vírus do computador. Por outro lado, o Orkut é um site aberto como qualquer outro na Internet e pode ser usado para a postagem de links mal-intencionados.

Lote certo da caixa dos Beatles

Os colecionadores americanos estão furiosos porque o primeiro lote da caixa "Capitol Albums Vol. 2", dos Beatles, saiu com um erro de masterização. Essa série está relançando a discografia americana dos Beatles (que é diferente da inglesa) incluindo versões mono e estéreo de todas as músicas em cada CD. O volume 2 reúne os álbuns "The Early Beatles", "Beatles IV" e as edições americanas de "Help!" (com músicas dos Beatles e temas instrumentais do filme) e "Rubber Soul" (com lista de músicas diferente da edição inglesa incluindo "I've Just Seen a Face"). Como qualquer Beatlemaníaco que se preze bem sabe, as mixagens em mono dos Beatles eram diferentes das versões em estéreo. Em outras palavras, não eram apenas os dois canais do estéreo combinados em um só. Havia diferenças significativas nos instrumentos, vozes e outros detalhes. Pois bem: a primeira leva da caixa traz as versões em mono exatamente iguais às em estéreo, apenas os dois canais juntos no centro. O lote com as versões corretas tem o código SK1 no número de série:

Meu receio é que os lotes errados venham todos para o Brasil e outros países fora dos Estados Unidos. Aqui, nossos vendedores não entendem nada de mixagem original em mono versus estéreo convertido, mas pelo menos teremos o código SK1 como referência. Na prática pode não adiantar muito, mas quem quiser pode tentar exigir a edição certa - ou ao menos não comprar a errada.

E antes que eu me esqueça... FELIZ PÁSCOA aos visitantes do blog!

sábado, abril 15, 2006

Apoio comovente

Custei a entender o que significava esta imagem e por que vários usuários do Orkut a estão colocando como foto principal. É a estrela da Varig. É comovente o orgulho que os brasileiros sentem por essa empresa. Ninguém quer que ela acabe. A questão é saber se ela tem chance não só de sobreviver mas de voltar a ser a potência que um dia foi.

Bom dia

Ainda estou impressionado com o fato de ter escrito sobre o Titanic sem saber que era exatamente o aniversário do naufrágio. Eu não tinha a menor idéia de datas, época do ano, nada. Só aconteceu de eu encontrar o DVD nas Americanas, comprar, olhar o documentário, gostar e resolver escrever sobre o assunto. Já tinha até postado o texto quando fui ver a data. Incrível!

Por falar em aniversário, não costumo lembrar de todos aqui no blog até para não cometer injustiças, mas hoje não pude deixar de invejar o meu sobrinho Ricardo, que está comemorando seus 28 anos em Londres com a mamãe junto. Que presente, hein? Parabéns!

sexta-feira, abril 14, 2006

Vários Titanics

Acabo de descobrir que vários filmes sobre a tragédia do Titanic foram lançados no Brasil em DVD, inclusive a controversa produção alemã de 1943 que foi interpretada como propaganda nazista. "Somente Deus Por Testemunha" (A Night to Remember), de 1958, é listado também, mas com disponibilidade limitada. Quando saiu? Mas, para mim, a grande surpresa foi o DVD do filme de 1953, da série Fox Classics (ver imagem). Lembram que a superprodução de 1997 ganhou uma edição de luxo com quatro DVDs? Pois garanto a vocês que nenhum dos extras e perfumarias ali contidas chega aos pés do documentário "Além do Titanic", que está no DVD da Fox. Ali, sim, temos uma verdadeira reportagem de uma hora e meia, incluindo diversas imagens da época, além de cenas de todas os filmes e produções que de alguma forma incluíram o famoso navio ou se inspiraram em seu naufrágio. E tudo num DVD só. Recomendo!

P.S.: Eu comprei esse DVD hoje (na "Americanas" do Shopping, que funcionou hoje, apesar do feriado) e juro que não sabia, mas ao ouvir no documentário que a tragédia aconteceu em abril de 1912, resolvi conferir a data exata. Adivinhem: o Titanic naufragou na noite de 14 para 15 de abril. Hoje, exatamente hoje, está fazendo 94 anos. Garanto a vocês que não tinha a mínima idéia. Foi coincidência mesmo. Eu poderia ter usado o aniversário como gancho desde o início. Ainda assim, por que resolvi conferir? E como fui achar esse DVD justamente hoje, num feriado? Muito estranho.

Sexta-feira santa

Acho que não existe no Brasil nenhuma norma tão respeitada e obedecida quanto a de não comer carne na sexta-feira santa. O brasileiro trapaceia, sonega imposto, aceita e paga propina, compra pirataria e contrabando, mas não come carne na sexta-feira santa. Teríamos uma sociedade muito melhor se as leis e regras de boa conduta também fizessem parte da tradição cristã.

Eu procuro seguir esse costume, mas às vezes o questiono. Será isso realmente importante? Onde diz na Bíblia que os cristãos devem se abster de carne na data de hoje? Acho que mesmo outros rituais deveriam ser revistos. Sei de pessoas que vão à missa todos os domingos e passam o resto da semana cultuando o seu verdadeiro deus, que é o dinheiro. Ou a si próprios. Penso que o Cristianismo tem mais a ver com amor, altruísmo e honestidade do que com missas, cultos, igrejas e templos. Talvez um dia eu aprenda a gostar de ir à Igreja, mas até hoje, nunca consegui. E não foi por falta de insistência de minha mãe.

Na minha infância, havia outra abstinência na sexta-feira santa: música. Até fiquei surpreso quando, na sexta-feira santa de 1972, o Clube dos Artistas mostrou Agnaldo Rayol e Martinha cantando versões em português de músicas da ópera-rock "Jesus Cristo Superstar". Hoje sei que foi Vinicius de Moraes quem fez as letras e as duas faixas, que saíram em compacto, estão disponíveis na caixa de CDs de Vinicius. Com o tempo, quebrei essa norma. Eu, em minha adolescência, não conseguiria passar 24 horas sem música. Hoje até fico, mas é raro.

Mas continuo não comendo carne na sexta-feira santa. Questiono, mas não quebro a regra. Já conversei com amigos e colegas cristãos que disseram que esse hábito vem da Igreja Católica e não tem realmente fundamento bíblico. Mas pegou melhor do que lei ou decreto. Mas se o meu filho, que é autista e não entende, quiser comer carne, eu vou deixar. Aliás, ele já me obrigou a dar uma caminhada hoje pela manhã. Fomos até a Redenção. A cabecinha dele não registra conceitos impeditivos como "é muito longe" e "não dá pra ir caminhando", então ele é meu companheiro nos passeios a pé. Mas, no Maomé, comemos empada de camarão. A tradição é forte, não adianta. Mas não vou tolhê-lo na hora da próxima refeição. Provavelmente iremos ao Shopping Praia de Belas e lá ele vai comer o que quiser.

quinta-feira, abril 13, 2006

Recomendação

Obrigatória a leitura da crônica "Não me venha com explicações", de Rosana Hermann, no site Blônicas. Eu me identifiquei demais com o que ela escreveu. Lembrei da forma como algumas pessoas reagem quando são informadas de que o texto que estão espalhando não é de quem pensavam. Ou da teimosia de alguns fãs de continuar acreditando que o Kiss copiou a maquiagem dos Secos e Molhados ao vê-los no México, quando o grupo americano já tinha até disco lançado na data dessa viagem.

quarta-feira, abril 12, 2006

Encontro histórico

(Clique para ampliar.)
Eu sei o que esta foto significa. Foi com minha irmã que descobri os Beatles, ouvindo os discos dela (como este que apareço escutando aqui) e colecionando as figurinhas da revista Intervalo que ela comprava. Agora olha ela aí, abraçando a imagem de nossos ídolos no Museu de Madame Tussaud, em Londres. Hoje qualquer um é fã dos Beatles, mas nem todos eram Beatlemaníacos desde a época em que George Harrison era conhecido no Brasil como "Jorge Árrisson" (sei de pelo menos um notório fã que ainda pronuncia assim). Mais uma vez, que inveja, Neca! Valeu a pena ter viajado só pra mostrar esse sorriso esbanjando felicidade. Mas não se enganem, gente, não é pelos Beatles. É que ela está aproveitando para curtir um dos filhos dela, Ricardo, que mora lá. Quem me mandou a foto foi o irmão dele, Rafael. Valeu!

Quando um gigante tomba

Nunca me atraiu a idéia de ter uma empresa, independente do porte. Não nasci para isso. Pra falar a verdade, tenho medo desse tipo de empreendimento. A primeira palavra que me vem à cabeça é: falência. Não digo que eu não possa um dia registrar uma microempresa para exercer alguma atividade que me agrade, mas procurarei dimensioná-la de forma a nunca ser engolido por ela. Mesmo assim, tenho receio. Até porque não entendo nada de economia ou administração.

Por isso, quando vejo gigantes tombando, fico confuso. Tento imaginar o que aconteceu e em que momento a crise poderia ter sido revertida com sucesso. Quantos importantes e tradicionais estabelecimentos de comércio aqui de Porto Alegre já fecharam: Imcosul, Livraria Sulina, Casa dos Gravadores, a Discoteca, Masson. Em alguns casos, a morte é anunciada. A gente até se surpreende com a longevidade de certos negócios que já não parecem tão prósperos. Mas o que impressiona é ver monstros sagrados sucumbindo aparentemente de uma hora para outra.

O pesadelo da Varig lembra o que aconteceu com a Caldas Júnior nos anos 80. O livro "Um Século de Poder – os Bastidores da Caldas Júnior", de Walter Galvani, é uma obra de fôlego, muito bem escrita, que conta a ascensão e queda de uma das maiores companhias jornalísticas gaúchas. O ponto em comum com a Varig era a crença de que as autoridades não deixariam morrer uma marca tão tradicional e querida do público. Breno Caldas apelava ao então Governador Amaral de Souza para que analisasse a questão "em todos os seus aspectos", tentando, numa última cartada, fazer valer a força de sua empresa. O problema é que uma máquina é forte até o momento em que a desligam da tomada. E a energia que move os negócios, infelizmente, ainda é o dinheiro.

Claro que não se pode comparar a dimensão da Caldas Júnior, restrita ao Rio Grande do Sul, com a potência mundial que é a Varig. Parece que foi ontem, e acho que foi, mesmo, que todos sempre faziam questão de marcar vôos com a Varig em qualquer viagem a trabalho. Varig era sinônimo de qualidade, segurança e bom atendimento. Tenho dois amigos trabalhando lá, um como comissário de bordo, outro como piloto. Quando eles ingressaram, invejei-os no bom sentido e jamais imaginei que a situação chegaria a esse ponto. Vamos torcer para que, desta vez, o carinho e a tradição ajudem a salvar aquela que nasceu com o nome de "Viação Aérea Riograndense", mas hoje pertence ao Brasil.

De novo

Confirmando uma de minhas dicas de que geralmente os Cavalos de Tróia vêm com erro de ortografia, acabo de receber um e-mail da Acessoria de Cobrança da Embratel. Os hackers se esmeram em criar mensagens convincentes, com visuais caprichados, mas se deixam trair pela ignorância do próprio idioma. Ou do idioma alheio: lembram do menssenger?

terça-feira, abril 11, 2006

Neca em Londres

Tentei copiar as fotos, mas o fotolog é protegido (o que, convenhamos, é um recurso bem-vindo). Mas é só clicar aqui para ver fotos da minha irmã em Londres. Na minha família é assim: quando as dívidas começam a deprimir, a gente levanta o astral com um banho de loja ou uma temporada no exterior! E que inveja! Ela é a única da família a conhecer Estados Unidos e Inglaterra. Mas disse que não nota diferença, pois não entende inglês em nenhum dos dois sotaques.

segunda-feira, abril 10, 2006

Bom dia

Jogo? Que jogo?

sexta-feira, abril 07, 2006

O efeito Contatos Imediatos

"Contatos Imediatos do 3º Grau" foi um dos clássicos da minha adolescência. Não achei o filme tão espetacular quanto meus amigos (quanto eles acharam, quero dizer – mas de qualquer forma também acho meus amigos melhores do que o filme), mas ainda assim gostei mais do que "Guerra nas Estrelas", que a maioria dos meus colegas adorou. Para minha surpresa, apenas dois anos depois Steven Spielberg relançou o filme com cenas a mais. Naquele tempo ainda não se dizia "versão do diretor". Se não me engano a expressão foi usada pela primeira vez no relançamento de "Blade Runner". Hoje "versão do diretor" virou sinônimo de "edição mais longa", mesmo que o diretor prefira a mais curta. É exatamente o caso de "O Exorcista". Todas aquelas cenas adicionais que apareceram na "versão do diretor" haviam sido cortadas pelo próprio na edição final em 1973.

Mas voltando ao "Contatos", nos extras do DVD, Steven Spielberg explica o porquê da segunda versão. Ele teve que concluir o filme às pressas para o Natal de 1978 e, com isso, não conseguiu fazê-lo como queria. Num lance obstinado, disse ao estúdio que queria verba para terminar o filme e relançá-lo como pretendia desde o começo. Levou, mas com uma condição: teria que mostrar o lado de dentro do disco voador. Esse seria o mote da campanha do relançamento. É um tanto estranho que a única cena que Spielberg filmou contra a vontade tenha sido usada na publicidade da nova versão. Nem ao menos o ator Richard Dreyfuss aparece dentro da nave: ele pára na porta e fica olhando, fascinado. Claro que as supostas imagens do interior foram filmadas em separado. No DVD, Spielberg finalmente editou o filme como queria: com todas as cenas extras, menos a da espaçonave. Essa entrou como bônus na parte das cenas cortadas.

Por mais que se queira criticar, acho que o estúdio fez bem. Ninguém sairia de casa para assistir a um filme que já tinha visto dois anos antes só por causa de algumas ceninhas novas. Mesmo com a visão interna da espaçonave, ouvi gente reclamando que "era o mesmo filme", provavelmente imaginando que seria algo bem diferente. E aí lembro das novas versões de softwares e aplicativos que usamos diariamente. Às vezes, para corrigir um errinho ou aperfeiçoar uma funcionalidade realmente útil, um fabricante enche um pacote de software de babados inúteis, animações, sons, perfumarias, módulos dispensáveis que penalizam o desempenho, só para mostrar "os novos recursos do software Tal". São as famosas "melhoras não solicitadas". Isso porque a primeira versão, também como no filme de Spielberg, foi lançada às pressas para ganhar a dianteira do mercado. Agora o usuário quer ver as falhas corrigidas, não uma nova tela de apresentação, menus mais bonitos e padrões modificados que o obrigarão a reaprender tudo para continuar obtendo o mesmo resultado. Infelizmente o "efeito Contatos Imediatos" se aplica também à informática. Mas com um agravante: não temos opção. A ditadura das novas versões nos obriga a renovar nosso software e hardware ano a ano. Mas, para não acharmos que não estamos tendo nenhuma vantagem com isso, eles acrescentam implementações inúteis que deixam o visual mais atraente. Assim como Spielberg, para fazer os pequenos ajustes que desejava, foi obrigado a mostrar o lado de dentro da espaçonave.

A traiçoeira água doce

Leio no jornal que uma jovem de 16 anos morreu afogada nadando nas águas do Guaíba, nas proximidades da Usina do Gasômetro. Sempre que ocorre um caso como esse eu me pergunto: que forças misteriosas são essas que tornam a água doce tão traiçoeira? Quem costuma ir à praia conhece o comportamento do mar, sempre agitado, com suas ondas, seus repuxos e buracos. Mas a água doce se mostra tranqüila e não parece oferecer riscos a quem está acostumado a nadar no mar e em piscinas. E, no entanto, volta e meia ocorre mais um caso de afogamento em rios ou açudes.

Não que eu esteja disposto a eu mesmo ir verificar, mas deve haver, sim, alguma correnteza oculta sob a superfície de um rio. Não deve ser só a menor densidade em relação ao mar que faz com que tantas pessoas sejam vitimadas. A formação do leito, a movimentação da terra ao fundo, tudo isso deve provocar alterações na flutuabilidade. Quando o nadador menos espera, a água que parecia tão calma e estável o suga para o fundo.

Enfim, havia uma placa alertando que a água era imprópria para o banho. Infelizmente, não foi observada.

quinta-feira, abril 06, 2006

Anti-spam

Eu achei que meu provedor tivesse implementado filtro anti-spam de graça para mim, mas agora me ocorreu um palpite maluco: talvez eu é que tenha sido retirado da versão 2006 do cadastro de e-mails válidos que o pessoal vende por aí. Afinal, nunca respondi a nada, nem mesmo cliquei em links para ser retirado de listas. Se foi isso mesmo, então a dica é ignorar totalmente o spam. Um dia ele vai embora. Agora, também pode ser que eu tenha entrado para uma espécie de lista negra dos spammers. Afinal, eu estava usando as informações para ajudar a combatê-los, inclusive desmascarando os Cavalos de Tróia aqui no blog. Eles podem ter-me considerado perigoso e me limaram.

É Fo...

Esta foto dos estudantes e trabalhadores franceses concedendo entrevista coletiva me lembrou do que os mais experientes nos diziam na infância quando procurávamos umas palavras diferentes no dicionário e não achávamos: "Não é fu, é fo!" Ah, bom!

quarta-feira, abril 05, 2006

Carequinha (1915 - 2006)

Nem Secos e Molhados, nem Kiss: o primeiro artista maquiado a lançar disco foi o Carequinha! Um de meus primeiríssimos ídolos, juntamente com Rita Pavone . Eu tinha o LP "A Escolinha do Carequinha", em que ele era acompanhado pelo conjunto de Altamiro Carrilho. Lembro também do dia em que fiquei esperando entusiasmado na frente da TV porque o Carequinha iria aparecer em um programa aqui de Porto Alegre. Em minha inocência, eu achava que ele iria fazer uma longa participação. Para minha decepção, ele cantou uma só música e foi embora. Tempos depois, na casa de uma amiga, vi uma fotonovela de que ele participava. Foi a primeira vez que o vi sem maquiagem. Nos anos 90 ele deu uma entrevista para o Jô também de cara limpa. Se ele não tivesse cantado "O Bom Menino" ao final, acho que eu estaria até hoje em dúvida se era ele mesmo.

George Savalla Gomes faleceu hoje em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, aos 90 anos. Mas a lição de que o bom menino não faz pipi na cama será passada de geração em geração na melodia que ele cantava.

terça-feira, abril 04, 2006

Notícia mesmo

Esses celulares que estão explodindo podem servir de lição para os internautas menos antenados, que acreditam piamente em qualquer informação recebida por e-mail. Porque, cá entre nós, parece notícia falsa, não parece? Daquelas que a gente recebe num tom quase sigiloso, como quem transmite uma informação obtida de fonte privilegiada. Geralmente vem acompanhada de recomendações tipo "avise a todos os seus amigos" e "isso é sério, aconteceu em São José do Rio Preto". Depois de dar a entender que há interesses comerciais ocultando os fatos, o relato prosseguiria: "A dona-de-casa Tutako Furukava de Almeida, 69 anos, havia colocado o seu celular Motorola para carregar quando o mesmo explodiu". E a suposta notícia poderia citar a delegacia onde foi dada queixa ou hospital onde a vítima foi atendida, conforme o caso.

Agora pensem: se acontecesse um incidente desses com vocês ou alguém da família, o que vocês fariam? Dariam parte na polícia ou elaborariam um e-mail para ser repassado por debaixo dos panos virtuais? Até, talvez, as duas coisas. Mas um fato como esse não escaparia à imprensa. E não escapou. O episódio citado no parágrafo anterior está na capa de "O Sul". A notícia aparece na página 15, com foto da dona-de-casa e do estrago que o celular causou no colchão.

Perceberam a diferença? Notícia legítima sai no jornal, não é repassada por e-mail sem foto ou citação de uma fonte fidedigna, como quem descobre um segredo de estado e espalha para os amigos. Eu também achei estranho quando ouvi falar nos celulares explosivos. Mas aconteceu mesmo porque está no jornal, sob responsabilidade do editor. E podem ter certeza que a imprensa jamais irá publicar algo como "recebemos por e-mail, não sabemos se é verdade mas, por via das dúvidas, estamos divulgando".

Pra variar

Quando alguém envia um falso alerta de vírus para um grupo de destinatários, eu só fico pensando: quanto tempo até que venha a outra mensagem mandando desconsiderar a anterior? Geralmente vem em seguida, pois logo alguém avisa. Dessa vez veio de um dia para o outro, pois o remetente era meio "São Tomé" e deve ter consultado alguém de confiança para ter certeza. Já no falso alerta ele acreditou na hora e ainda comentou que era de "fonte confiável". Então tá.

Outra frase que já cansei de ler é: "Desculpe, é que recebi por e-mail como se fosse dele." Ou então dão o link de um site para "provar".

segunda-feira, abril 03, 2006

Benevolência

Certa vez comentei com amigos que a minha personalidade se formou aos 13 anos. Que hoje eu sou aquele mesmo garoto que eu era em 1974, apenas com um pouco mais de vivência. Mas, na verdade, a gente continua mudando, sim. Mesmo que não perceba.

Aos 25 anos eu vivi a experiência de ser mesário em uma eleição. Não vou dizer que a perspectiva de desperdiçar o feriado de 15 de novembro tenha sido das mais agradáveis. Mas, como diz o ditado, se a curra é inevitável... Tive a sorte de pegar uma turma legal, com um presidente de mesa organizado e naturalmente líder. Deu tudo certo. Ou melhor, quase. Um dos convocados não compareceu. Com isso, a suplente não pôde ser dispensada, como desejava. Mas ela também procurou aceitar a situação. Mesmo assim, ficamos de sobreaviso. Se o eleitor convocado aparecesse para votar, deveria ser chamado a se explicar.

Dito e feito: pouco depois do almoço, lá apareceu o sujeito que não havia atendido à convocação. Veio acompanhado de seu filho pequeno. Questionado, afirmou não ter recebido a notificação. O presidente de mesa o convocou no ato. Ele alegou não poder ficar por causa da criança, mas que talvez voltasse mais tarde. Não voltou. Na hora de fazer a ata, o presidente de mesa escreveu apenas que o mesário convocado não havia se apresentado para os trabalhos mas, ao comparecer para votar, disse não ter recebido a correspondência do TRE. Eu protestei e insisti para que constasse também que ele tinha sido convocado no ato e se esquivou com uma desculpa. O presidente de mesa disse que não iria colocar isso porque "iria causar problemas para o cara". Fiquei indignado. Ora! Nós tínhamos passado o dia ali, trabalhando em pleno feriado. Um dos mesários simplesmente não apareceu, mas veio votar, deu um pretexto qualquer e fica por isso mesmo? Voltei a tocar no assunto enquanto levávamos a urna. Eu simplesmente não me conformava. Achava um procedimento injusto com todos nós, mais ainda com a suplente.

Não sei o que vocês acham disso, pois reconheço que é um assunto polêmico. Só digo que hoje, aos 45 anos, penso muito diferente. Foi certa a atitude do presidente de mesa. Talvez não a correta pelas normas rígidas, mas sem dúvida a mais madura. Não sou a favor do silêncio quando se testemunham falcatruas ou delitos graves. Mas vale a pena prejudicar um cidadão por algo tão pequeno? Se tivesse acontecido uma ausência de todos os indicados, aí teríamos uma situação emergencial que mereceria investigação posterior. Mas foi um só caso de não comparecimento. Mesmo que o mesário refratário soubesse de antemão que seu nome poderia estar na lista, deveria ter seus motivos para alegar o não recebimento da carta. Isso o TRE teria a faculdade de verificar posteriormente. Já é uma situação suficientemente delicada que ele teria que enfrentar. Por que causar-lhe mais transtorno fazendo constar em ata a convocação oral feita na hora?

Não sou a favor da impunidade. Mas cada caso é um caso. Há que se ter maturidade para saber relevar situações em que não vale a pena causar transtornos. Hoje eu vejo casos parecidos, observo o comportamento dos demais envolvidos e logo identifico os benevolentes e os impiedosos. No fundo, os dois estão certos. Mas eu troquei de lado. Hoje, não defenderia o que defendi há 20 anos. Pensando bem, mudei, sim. Espero que tenha sido para melhor.

Nova apresentação

Mudei o texto de apresentação. É bom dar uma renovada de vez em quando, mesmo que seja para dizer a mesma coisa com outras palavras.

sábado, abril 01, 2006

Primeiro de abril

Alguns sites costumam passar trotes no dia 1ª de abril. Eu até pensei em preparar um, mas depois achei melhor não fazer. Dependendo do que eu divulgasse, a mentira poderia perdurar por anos a fio circulando o ciberespaço. Um desmentido logo a seguir não faria muito efeito. Menos ainda avisar que "isso aí foi um primeiro de abril que um blogueiro passou em 2006" nem indicar o link, pois sempre ia ter alguém pra dizer "não, é verdade, confirmei não sei onde".

Então acho que a data de hoje é perfeita para homenagear os ingênuos da Internet. Aqueles que ainda não se deram conta que a web não é como rádio e TV, em que as notícias passam por um crivo e têm sua responsabilidade assumida pelas respectivas empresas. E-mails e blogs não são confiáveis para divulgação de nada, ainda mais quando o texto não cita fonte ou autoria. Mas alguns continuam acreditando. E repassando.

Alguns boatos são antigos, mas basta requentá-los com um detalhe para que voltem a surtir efeito. Antes era o guaraná Kuat, agora é a Fanta Uva que levou 23 para o hospital em estado grave por terem ingerido uma "dose excessiva" do refrigerante. Em 2002 um monte de gente apagou o executável do ursinho, que supostamente seria um vírus, e ainda repassou o alerta dizendo "é verdade, eu fui ver e o ursinho estava lá", como se isso provasse alguma coisa. Agora o mesmo arquivo teve seu suposto objetivo maligno atribuído ao Orkut. O leite Longa Vida estaria tendo suas embalagens reutilizadas e envenenando os consumidores. O número impresso na base seria indicativo da quantidade de vezes em que aquela caixinha foi utilizada. Aí as pessoas vão lá olhar e dizem, "puxa, é verdade mesmo, tá lá o número!"

As falsas autorias já foram amplamente denunciadas na imprensa, mas tem gente que continua acreditando nos apócrifos. De vez em quando aparece algum internauta mais cauteloso perguntando: "Este texto é mesmo do Quintana?" Vou ver, é aquele manjadíssimo de não correr atrás das borboletas ou o "um dia descobrimos, blá blá blá", que já deveriam estar mortos e enterrados num cemitério clandestino, bem longe do túmulo de Quintana. Um ano depois do esclarecimento da polêmica do "Quase", o texto continua circulando com a assinatura de Luis Fernando Verissimo. Alguns perguntam: "O Verissimo disse que esse texto é da Sarah Westphal, alguém confirma?" Não, ninguém confirma. Verissimo não é muito confiável para negar suas próprias autorias...

Tem gente que entra correndo numa comunidade do Orkut porque ficou sabendo de algo interessante e quer ser o primeiro a postar. Aí ele não vê que seu tópico é o quarto ou quinto que está informando "em primeira mão" a grande novidade. Ou então alguém tem a brilhante idéia de criar uma comunidade para homenagear seu ídolo e com isso engrossa a lista de comunidades redundantes. (Não, eu não estou esquecendo que acabei de criar uma comunidade para Mario Quintana. Mas a minha é a única dedicada ao "verdadeiro" Quintana. A omissão e a desinformação dos moderadores nas outras justificou a criação de uma nova.) "Olhar antes para evitar repetição inútil" é algo que todos deveriam fazer antes de postar uma mensagem ou criar uma comunidade.

Você já recebeu um arquivo em formato Power Point, cheio de imagens bonitas e mensagens de otimismo que, ao final, mandava reenviar para todos os seus amigos "inclusive para a pessoa que lhe enviou"? E aí, você enviou de volta para o remetente? E ele leu tudo de novo? Será que gostou?

A todos aqueles que se enquadram nos exemplos citados, parabéns pelo dia de hoje. Não se preocupem, não vou passar trote. Vocês já são enganados que chega nos 365 dias do ano.